Há muito observamos que no
Maranhão as rodovias estaduais e federais têm uma vida útil muito pequena,
considerando o valor do quilômetro de revestimento asfáltico. Quem viaja pelo
estado percebe que todo ano há em muitas rodovias grupos de “operação tapa buraco”.
Aliás, convém destacar que as “operações
tapa buraco” que deveriam ser eventuais ou excepcionais, viraram rotina. Todo
ano, durante a época seca, entre os meses de julho e dezembro, esse tipo de
operação é executada.
Esse serviço é regra no Maranhão
porque a má qualidade do revestimento das rodovias também é regra. De modo
geral, faz-se um péssimo trabalho de preparo do solo para recepção do
revestimento. O asfalto colocado, de modo geral, é pouco espesso e o seu
preparo não resiste ao tráfego intenso dos transportes pesados e aos efeitos
das chuvas e do calor intenso que é peculiar em nosso estado.
Na época chuvosa, o asfalto
solta-se aos pedaços, ou lascas, propiciando incômodos buracos nas estradas. Em
muitos trechos a camada de revestimento deforma-se formando ondas de asfalto
que tornam a rodovia imprópria para o tráfego de carros baixos.
A título de ilustração podemos
citar algumas estradas ou trechos dessas que precocemente foram deterioradas em
decorrência da má qualidade dos serviços de construção. A BR-222, no trecho
entre Santa Luzia e Buriticupu, principalmente, nos primeiros 80 quilômetros
após Santa Luzia. Esta estrada foi reconstruída há cinco anos. Teve o seu
traçado melhorado e passou por um serviço de terraplanagem intenso e caríssimo,
mas, bastou apenas cinco anos para que os aterros estejam desmoronando e todo
revestimento esteja comprometido. Ora, quem conhece esta estrada e sabe do
serviço de reconstrução pelo qual passou sabe que esse é um tempo exíguo para
que ali seja feita reparos da magnitude que hoje esta rodovia necessita. Não há
país que aguente tanto gasto. O mesmo acontece com o trecho entre Vitória do
Mearim e Santa Inês. Nesta parte, os buracos estão insuportáveis.
No trecho da BR-135, entre Santa
Rita e Entroncamento, há quilômetros de estrada cuja reconstrução foi realizada
no ano passado e antes de receberem a pintura das faixas de sinalização já
estão totalmente deteriorados.
O que aqui questionamos não é apenas a má
qualidade dos serviços técnicos adotados na construção dessas rodovias, mas,
sobretudo, o que está por trás desse padrão de serviços, desse padrão de
rodovias construídas no estado do Maranhão – a corrupção. O momento requer não
apenas a reconstrução das estradas do Maranhão, mas que essas estradas sejam
reconstruídas sob um novo padrão moral, alicerçado no respeito ao cidadão que
paga impostos. È isso que esperamos do governo atual e torcemos para que um
novo padrão de governo se estabeleça neste Estado e as estradas e tudo mais que
for construído pelo governo receba das autoridades oficiais um tratamento que
reflita o respeito devido à coisa pública. Só assim deixaremos essa mania de construir
estrada com vida útil de apenas um ano, quando em outros países as rodovias
duram mais de três décadas.