terça-feira, 28 de junho de 2016

Joana Palitó:um século de história e lembranças


Ela nasceu Joana Batista Linhares e, ao contrário do que muitos pensam, ela não nasceu em Rosário, mas na Rua Afonso Pena, em São Luís, no dia 24 de junho de 1916.
Só depois o meu avô, Graco Baima de Linhares, foi morar na Rua 01, no bairro da Madre de Deus, onde, na verdade, Joana Batista Linhares vai ganhar o apelido que vai lhe acompanhar pelo resto da vida.
No início do século XX, a Madre de Deus era um bairro de pescadores e dona Joana Batista Linhares costumava ir para a rampa lavar as canoas dos pescadores, provavelmente, para ganhar um trocado, ou mesmo peixes. Naquele dia, ela não podia ser mais criativa e original. Vestiu o terno do meu avô, seu Graco, como ela o chamava, e foi lavar canoas na rampa da Madre de Deus. Meu avô era carpinteiro naval e trabalhava na empresa Loide Brasileiro, famosa pela frota de navios que possuía. Naquele exato dia ele teria uma reunião na Loide Brasileiro e costumava frequentar as reuniões da empresa sempre muito bem alinhado no seu terno.
Naquele dia, quando chegou em casa para se aprontar para a reunião, sentiu a falta do seu casaco e perguntou para a sua esposa pelo terno e ela apenas lhe disse que viu a Joana sair vestida em um terno rumo à rampa. Na época, o meu avô já estava casado com dona Delfina, a sua segunda esposa, a minha avó, Alcene Linhares, já havia morrido.
Meu avô foi à rampa em busca da minha mãe e quando lá chegou presenciou a cena que lhe deixou furioso. A rampa estava cheia de pescadores e a minha mãe passando de canoa a canoa lavando-as vestida no terno que ele mandou preparar para ir à reunião do Loide. Meu avô costumava chamar os seus filhos com os pronomes “seu” e “dona” lhes antecedendo os nomes. Assim era seu Joaquim (meu tio e padrinho, Careca), seu Inocêncio (tio Lousa), dona Maria (tia Maria Pemba), dona Edite (tia Edite), seu Raimundo (meu tio Cacaraí) e dona Joana, a minha mãe, a caçula do primeiro casamento.
Quando ele a viu naquela cena hilária, lavando canoas no seu melhor terno, anunciou de pronto para ela: - dona Joana, eu vou lhe bater. Minha mãe muito espirituosa, sabendo que o meu avô batia forte e, segundo ela, só costumava dar tapas com a costa da mão – respondeu-lhe prontamente que preferia morrer afogada que pegar uma surra ali naquele momento à frente de todos. Ela não sabia nadar. Meu avô, raivoso, avisou e foi logo subindo nas na canoas para lhe pegar, mas ela foi passando de canoa para canoa até não ter mais para onde ir e se jogou na água. Como todos ali sabiam que ela não sabia nadar e gostavam muito dela, os presentes na rampa caíram na água para salvá-la, gritando: agarra pelo palitó gente, agarra pelo palitó, agarra pelo palitó... e, assim, salvaram a minha mãe da morte, mas não da surra quando chegou em casa, e acrescentaram ao nome dela o nome Palitó, que daquele dia em diante passou a ser seu sobrenome. E, desde então ela passou a ser chamada Joana Palitó.
Disposta para o trabalho, Joana Palitó, logo se empregou na indústria têxtil que se desenvolveu em São Luís do Maranhão, nas primeiras décadas do século XX. Empregou-se na fábrica São Luís, que ficava ali mesmo na Madre de Deus, junto à Cânhamo, outra indústria têxtil da época, onde hoje é o Ceprama.
Ali, muito nova, Joana se acidentara, um fuso lhe atingiu o pé e ela foi para a Santa Casa de Misericórdia, na época um hospital dos mais famosos de São Luís. Os médicos diagnosticaram uma infecção muito grave. Na Madre de Deus já se sabia que Joana Palitó estava com tétano e, provavelmente, perderia o pé. O que ninguém esperava era, que, de repente, Joana aparecesse na Madre de Deus, seminua, vestida em um chambre do hospital, com um comportamento estranho, que ninguém entendeu, a princípio. O meu avô, partiu para ela com rigor, aconselhando-a para voltar para o hospital. Na verdade, exigindo que ela voltasse para o hospital, tamanha era a gravidade da enfermidade em que ela estava acometida. A resposta que o meu avô obteve, para ele, creio eu, foi, no mínimo, inusitada, estranha: - “me respeite seu Graco, eu estou numa mulher, mas eu sou um homem e o meu cavalo, eu mesmo curo”. Ali se iniciara uma nova fase que durou enquanto Joana Palitó vida teve: - sua fase espiritual. Pela primeira vez se manifestara em seu corpo a entidade Itomba-Sé, seu santo de cabeça dali em diante. Curou a ferida que havia no pé de Joana Palitó e, daquele momento em diante, a casa do meu avô não teve mais sossego. Todo mundo procurava Joana Palitó para benzer, curar dos males do físico e do espírito, e não raras vezes, da sorte da vida – do amor, da profissão, do emprego...
Aí foi demais para o meu avô, a casa ficou pequena para ele e seu Tomba-Sé, como eles chamavam. Minha mãe já estava empregada na fábrica São Luís e logo arranjou um outro lugar para residir, ali mesmo no bairro.
Joana Palitó adorava os chamados jogos de azar: baralho, bingo, quino, jogo do bicho e toda a espécie de jogos a dinheiro que ela pudesse jogar. Na Madre de Deus, era assídua frequentadora da mesa de baralho na casa de dona Laura, ali mesmo na Rua 01. Sobre isso costumava me contar um fato que aconteceu quando ela estava grávida da minha irmã Vilma, às vésperas do parto. Estava na mesa de baralho na casa da dona Laura, a mesa esta cheia de dinheiro das apostas, quando, de repente, avisaram da rua que estava chegando a cavalaria para reprimir o jogo. As pessoas trataram de se evadir e ela, sabida, foi a última a sair, vestia um vestido largo própria das mulheres grávidas, com um cinto na cintura, que ela amarrou bem apertado, colocou todo dinheiro dentro do vestido e saiu pulando cercas da vizinhança para se livrar da prisão. Se livrou, e, segundo ela costumava dizer sorrindo, o dinheiro deu para comprar leite para a minha irmã por mais de seis meses.
Um detalhe, estamos falando aqui da primeira metade dos anos 1950. As mesas de baralho, os quinos e outros jogos de azar que Joana Palitó frequentava, com excessão da casa de dona Laura, só uma mulher estava presente – ela.
Vocês podem imaginar como era difícil para o meu avô e os meus tios lidar com uma mulher assim tão independente. A espiritualidade, os jogos de azar, a vida independente. Fazia questão de ostentar que não nascera para depender de homem.
Queridos, tenho que ir trabalhar e, amanhã continuarei a contar a história dessa magnífica mulher que é a minha saudosa mãe. Reparem que, neste momento ela ainda não chegou à Rosário, onde viveu grande parte da sua vida e terra que escolhera para a sua morada final. Por isso, para comemorar um século que ela faria se estivesse junto a nós, eu resolvi escrever esta sinopse da sua vida para homenageá-la.

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quinta-feira, 16 de junho de 2016

Ciclismo recreativo, uma atividade física fascinante



Quando morei em São Luís, na Avenida dos Holandeses, vi como é imensa a quantidade de pessoas que moram nos bairros pobres naquelas imediações e se deslocam todas as manhãs para o serviço pedalando suas bicicletas. Hoje, vejo movimento idêntico de pessoas do vizinho município do Pindaré Mirim se deslocando para trabalhar em Santa Inês montadas em bicicletas.
Apesar da relevante quantidade de bicicletas no Brasil, e do intenso uso principalmente pelas pessoas de baixa renda, ainda não atingimos no ciclismo a relevância que conseguimos em esportes como o  futebol, vôlei, basquete, ou mesmo no atletismo. Contudo, isso não faz do uso da bicicleta algo menor, pelo contrário, pedalar, cada dia que passa, se torna algo mais fascinante. Talvez seja por isso, que as pessoas que vão para o trabalho pedalando, quase sempre exibem um semblante de felicidade.
Em seu livro “Ciclismo”, Luiz Henrique Rodrigues fala que “Tanto nos eventos grandiosos, como o Race Across América ou o Tour de France, como nos passeios com grupos de amigos, andar de bicicleta é uma atividade que traz consigo toda uma magia, um encantamento que vai adquirindo proporções cada vez maiores à medida que o contato com a bicicleta vai se estreitando”.
O referido autor sabe o que está dizendo e, por certo, já foi acometido desses sentimentos, da magia, do encantamento que é pedalar uma bicicleta. Creio que atualmente estou também hipnotizado pela bicicleta, pelo gosto de pedalar, andar longas distâncias, testar os meus limites, superá-los às vezes, sentir-me, a cada conquista, instado a um novo desafio. Querer poder mais sobre uma bicicleta, querer aprender mais sobre bicicletas, sobre o ciclismo, embora o faça no âmbito da recreação.
Pela primeira vez na vida sinto-me movido pela vontade de ter uma bicicleta. Nunca tive uma bicicleta, na verdade, nunca comprei uma bicicleta para o meu uso. Sempre foi para um filho ou um sobrinho, uma pessoa da família. Até que uma ficou em casa, em desuso e eu resolvi usá-la. Depois de ler um pouco sobre ciclismo fiz-lhe umas adaptações, troquei algumas peças, porém, acho que as adaptações feitas não foram suficientes para superar todas as limitações, embora isso não diminua o meu fascínio pela bicicleta que eu tenho e a denominei de Magricela. Embora o plano de aquisição de uma bicicleta nova seja de médio a longo prazo, já tenho o nome da próxima – será Magrelinha, uma homenagem a música de Luiz Melodia, cantor e compositor do qual sou fã.
 Viajando na ideia de adquirir uma bicicleta nova, iniciei uma caminhada de conhecimento sobre bicicletas: tipo, marcas, tamanhos, preços, materiais, são aspectos sempre presentes nas minhas buscas. Quero compreender mais, ter mais informação sobre bicicletas, não pode ser qualquer uma para dividir o espaço com a Magricela, porque esta é um espetacular exemplo de que a prática de ciclismo recreativo não prescinde de bicicletas de passeio, simples, despretensiosa. Que para pedalar e ser feliz você não precisa comprar a speed ou a montain bike mais moderna e cara, embora não se possa esconder o fascínio que as modernas bicicletas exercem sobre os ciclistas, com seus freios a disco, mecânicos ou hidraúlicos, marchas, seus componentes de fabricação japonesa, com níveis de sofisticação impressionantes, nos deixam com os olhos de crianças em lojas de brinquedos.
A bicicleta nos provoca dois tipos de fascínios – o de pedalar e a admiração pelos novos modelos, com materiais mais leves e resistentes, novos desenhos apropriados às atividades estrada, trilha, velódromo, BMX, são exemplos.

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segunda-feira, 13 de junho de 2016

Mais uma derrota da diretoria do Sampaio


É provável que os torcedores mais antigos do Sampaio Corrêa Futebol Clube lembrem do saudoso dirigente Antônio Bento. Cartola de históricas tiradas, costumava despedir um time todo e contratar um novo elenco. Claro que não dava certo embora fizesse a festa da imprensa que tinha muito assunto para publicar.
Tempos passados. Hoje o saudoso cartola cairia apenas no fosso do ridicularismo, como faz a atual direção do Sampaio.
Hoje nenhum clube de futebol logra êxito nas competições em que participa se não tiver alicerçado num planejamento estratégico que vise um longo horizonte temporal.
Nos tempos atuais o conceito de equipe tem sido muito estudado, tem sido muito discutido por empresas que estão sempre muito dispostas a pagar interessante preço por palestras de exitosos técnicos e/ou atletas, para que esses motivem seus empregados, falando da importância do desempenho de indivíduos dentro de equipes.
Equipes têm que ter conjunto, entrosamento, conhecimento, confiança, ousadia, criatividade, compromisso, objetivo, meta. Isso não se consegue juntando um bando de desconhecidos e lhes vestindo uma farda de uma empresa ou uma equipagem de um clube de futebol. Se não houver capacitação, treinamento, o exercício da função ficará comprometido, ineficaz, sem eficiência.
Hoje um comentarista disse algo que expressa muito bem a situação atual do Sampaio Corrêa Futebol Clube. Ele disse :"É muito difícil armar um time de futebol durante um campeonato em que os clubes quase não têm tempo de treinar".
O CRB não é lá muita coisa, tanto assim que mesmo com um jogador a mais se viu muitas vezes encurralado pelo Sampaio, mas falta-nos o amálgama que faz de onze jogadores de futebol um time. Como torcedor, vou continuar torcendo e pagando na esperança que o Tubarão volte devorar as sardinhas, ao invés de ser triturado por elas.

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Sampaio Corrêa Futebol Clube, um time sem planejamento ou muito mal planejado?


Sou torcedor, tenho paixão pelo clube, mas não sou bobo. Sei que no cenário atual qualquer clube esportivo ou qualquer outra organização que pretenda obter progresso na sua atividade, diante dos seus concorrentes precisa se planejar. No mundo atual não tem lugar para quem não se planeja. É preciso sair à frente da concorrência para obter sucesso e sucesso só vem antes do trabalho no dicionário.
Como torcedor esperei que ontem o time tivesse uma atuação melhor diante do Ceará, e teve. Disse antes do jogo para um compadre meu, boliviano também, que se conseguíssemos um empate com o Ceará já seria de bom tamanho.
O time esteve taticamente mais organizado em campo, com uma postura melhor do que nos jogos anteriores, mas ainda precisa corrigir muita coisa. É um time em formação, buscando entrosamento. Edgar e Pimentinha se destacaram individualmente, contudo, o time ainda não tem uma marca, uma identidade em campo. Daí a insegurança dos jogadores.
Não podemos debitar essas derrotas na conta dos jogadores. Eles, no momento, constituem apenas a consequência da falta de planejamento da diretoria. Quem não sabe onde quer chegar não vai a lugar nenhum. Creio que ou Sampaio Corrêa Futebol Clube não se planejou para chegar à série A do campeonato brasileiro, ou se planejou muito bem para voltar à série C.
Um clube que deseje superar seus adversários e chegar à elite do futebol brasileiro não pode formar uma equipe no decorrer do campeonato.
A questão é simples, não se conserta o motor do carro com o veículo em movimento.

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