domingo, 11 de janeiro de 2015

Ideias que fizeram falta no passado

O que estaria fazendo o matemático Edward Frenkel no final dos anos 1970? Na semana passada ele foi o entrevistado das páginas amarelas da revista Veja e nos apresenta um cuidado com o ensino da matemática que fez muita falta quando eu estudava na Escola de Agronomia do Maranhão. Edward Frenkel mostra-se preocupado na difusão do ensino da matemática e percebe que muitos dos seus colegas professores têm o prazer de mostrar a disciplina como algo que apenas poucos dominam e que eles são parte desse pequeníssimo conjunto. No entanto, o professor Edward Frenkel acha que, ao contrário do que pensam os seus colegas, o professor deve ensinar matemática relacionando-a com a atualidade vivida pelos jovens para que esses se interessem cada vez mais por ela, ao invés de demoniza-la. Para ele, quanto maior o número dos que dominam a matemática, melhor.
Quando perguntado por Veja “Por que tanta gente detesta matemática?”, o professor Edward Fenkel respondeu que as pessoas não gostam de matemática “porque não sabem do que se trata”. A resposta do professor Frenkel lembrou-me o saudoso Reinaldo Faray que sempre lembrava aos seus alunos de teatro pertencentes ao grupo TEMA (Teatro Experimental do Maranhão), que no Brasil as pessoas vão mais ao futebol do que no teatro porque têm conhecimento sobre aquele e não sabem sobre este. Tal como Frenkel acha que deve haver mais divulgação, ou movimentos que atraiam a atenção dos jovens para a matemática, o professor Faray pensava em relação ao teatro.
Estou relacionando a ideia do professor Edward Frenkel com a época em que entrei no curso de agronomia porque quando ali cheguei esperava encontrar um amigo que havia entrado um ano antes de mim, apesar de sermos contemporâneos e termos estudado parte do curso ginasial juntos, em Rosário. O meu amigo era o tipo de aluno que chamava atenção dos seus pares, provocando mesmo certa admiração. Era muito inteligente, escrevia com as duas mãos, redigia num nível muito acima da maioria dos alunos da classe, na época, a terceira série ginasial. Por isso, quando cheguei na Escola de Agronomia e encontrei o irmão dele (pois os dois passaram no vestibular na mesma época, para o mesmo curso) e perguntei por ele, o irmão me informou que ele havia deixado o curso. Eu perguntei a razão e ele me disse que em razão dos cursos de cálculo 1, 2 e 3, serem tão duros, um dia o meu amigo intrigado com a dureza de tanto cálculo, quis saber do professor em que parte da agronomia aqueles cálculos deveriam ser empregados, entretanto, para desespero do colega, infelizmente, o professor não soube explicar. Ali, naquele instante a agronomia perdeu uma excelente cabeça. O meu amigo pegou o caderno de cálculo que tinha na mão rasgou em quatro pedaços e foi embora dizendo que não voltaria ali jamais. Cumpriu o prometido, submeteu-se ao vestibular na Ufma e logrou êxito nos cursos de Direito e Jornalismo, graduando-se nos dois. Hoje é empresário do ramo de publicidade e, de vez em quando lança livros de poesia que são bastante divulgados em São Luís.
Quando estava escrevendo a minha dissertação de mestrado visitei por várias vezes a Universidade de Brasília e numa dessas visitas, em dezembro de 1999, eu encontrei na livraria da Unb um livro de “Matemática aplicada às ciências agrárias”, que mostrava o quanto a matemática é útil para a agricultura. Naquela época já não tinha tanto interesse pela matemática, o meu colega já era poeta famoso e publicitário próspero e o nosso professor já havia morrido, mas mesmo assim eu comprei o livro, porque pensei que se o nosso professor e o meu amigo tivessem conhecimento de livros como esse a matemática e a agronomia do Brasil, certamente estariam contando com mais uma mente brilhante entre tantas que trabalham nessas áreas.
Na época, o professor Edward Frenkel tinha apenas 9 anos de idade, mas faltou na Escola de Agronomia daquela época, ideia salutar e agregadora como a dele, pois, quem sabe assim um menor número de colegas teriam abdicado do curso de agronomia.
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sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Já estamos em 2015

O noticiário amanheceu repleto das notícias de 2014, aquelas coisas que todos nós já sabemos: corrupção, petrolão, o grupo do bilhão e tudo o mais que a imprensa brasileira possa noticiar que tenha a propriedade de deixar nódoas no governo da presidente Dilma. A presidente Dilma tem se mostrado competente e honesta, mas a imprensa não se cansa de tocar fogo ao redor dela na esperança de ver queimar-se algum rabo de palha, entretanto, apesar do calor, a presidente segue em paz sem quaisquer danos a sua pele.
Uma pausa ontem foi feita para noticiar as posses dos governadores e da presidente. Quando da posse da presidente, a imprensa deu destaque a meia dúzia de pessoas que levaram balões pretos para a Esplanada dos Ministérios, como protesto contra o governo Dilma, ao mesmo tempo em que questionou a presença de 40 mil pessoas ali presentes para participarem da posse da presidente. Segundo a imprensa, ninguém ali estava por livre iniciativa; todos eram sindicalistas levados pelo Partido dos Trabalhadores.
Obviamente, é muito difícil seguir-se uma rotina normal quando se tem um inimigo a nos atacar com a frequência e intensidade tamanhas como tem feito a imprensa brasileira em relação ao governo Dilma. Mas, como diz o velho ditado,” enquanto os cães ladram, a caravana passa”. Apesar do tom pesado do noticiário brasileiro a presidente tomou posse para o seu novo mandato conquistado democraticamente, nas urnas, por força do querer do povo brasileiro.
Cabe aqui destacar o ato de civilidade de uma senhora que entrevistada na Esplanada dos Ministérios disse que não votou na Dilma, porém estava ali porque torce pelo bem do Brasil e por isso deseja que a presidente Dilma tenha um bom governo. Esta é uma brasileira que merece o nosso respeito, porque respeita a democracia e a consequente vontade do povo.
A presidente Dilma, além de sincera e honesta, é coerente. Fez um discurso alinhado com o que já dissera quando da celebração da sua vitória nas urnas. Manteve o compromisso com as classes mais populares, comprometeu-se a combater a violência, o tráfico de drogas e de armas, a corrupção; vigiar as fronteiras. Incrementará a sua ação no afã de melhorar a saúde pública e colocará mais recursos no fortalecimento da educação.
Conduzirá a política econômica com os olhos voltados ao combate da inflação, mas, segundo afirma, sem que o crescimento econômico seja realizado em detrimento do bem-estar do povo brasileiro, em especial, das classes populares.
Como ela própria disse, tudo isso deve ser realizado com o apoio do Congresso Nacional, da sociedade brasileira, dos movimentos sociais, dos poderes constituídos do Estado brasileiro.

A presidente parece disposta a enfrentar as adversidades vividas pelo povo brasileiro a começar pela reforma política, a reestruturação da Petrobrás e tantos outros anseios que queremos que se realizem tanto no campo como na cidade. Por fim, teve a felicidade de concluir o seu discurso no Congresso Nacional, com a seguinte frase: "O impossível se faz já; só os milagres ficam para depois"
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