A questão ambiental é um tema demasiadamente interessante, embora tenha passado despercebido pelos grandes pensadores universais. Poderia enumerar uma significativa quantidade de filósofos, economistas, pensadores dos mais diversos matizes ideológicos, escolas de pensamento e tempos distintos, que influenciaram fortemente a humanidade, mas, nem tangenciaram o tema meio ambiente. Este é um tema contemporâneo.
Parece que até bem pouco tempo predominava o consenso ideológico da bondosa e farta mãe natureza. Um lugar de onde todos podiam tirar e usufruir, mas ninguém tinha o dever de repor ou sequer de pensar em reposição dos recursos extraídos dela. Era assim. Era assim? Será que já podemos pensar que era assim? Não, não sei bem se posso generalizar essa coisa de era assim.
Quando vejo aqueles madeireiros no Pará, quando vejo a mata ciliar, Brasil adentro, Mata Atlântica e Mata Amazônica, sendo substituída por capim; quando vejo manguezais sendo substituídos por criatórios de camarão, quando vejo um sem número de crimes ambientais sem punição e um Estado politiqueiro, corrupto, impotente e falastrão inócuo, percebo que a força do senso comum que vê a natureza como um lugar de inesgotáveis recursos naturais, infelizmente, ainda prevalece nos tempos hodiernos.
Muito se fala e muito se condena os ambientalistas, ainda que seja louvável o que fazem contra a depredação da natureza, ainda que sejam determinados e incansáveis na tarefa da preservação de certos nichos ecológicos, ou na árdua missão de salvar o planeta, eles são uma minoria bem intencionada, barulhenta ou silenciosamente trabalhando no afã da consecução de um objetivo quase impossível.
No Brasil, meio ambiente constitui um daqueles temas excelentes para fazer projetos e levantar uma grana lá fora, mas, quase sempre não passa disso. Um projeto para marcar posição, uma rubrica do orçamento, sempre pronta a ser subtraída em benefício de outra pasta qualquer.
Os dispositivos legais pertinentes a regulação da relação do homem com a natureza no Brasil estão aí há anos, mas fazer cumprir a legislação parece que não era a prioridade. Até pouco tempo, a legislação sobre o meio ambiente parecia uma peça decorativa no seio do conjunto de leis do país.
Vários planos de desenvolvimento do governo brasileiro priorizavam a ocupação da Amazônia, o desbravamento, a colonização. Aí vieram a derrubada desenfreada para implantação das fazendas de criação do gado bovino, os projetos de colonização, as madeireiras, as mineradoras, os garimpos, as usinas hidrelétricas e outros projetos correlatos. Projetos de toda estirpe vieram impulsionados principalmente por uma política de incentivos fiscais, com crédito farto e barato. Era a política do integrar para não entregar, lembram?
Cada fazenda implantada trazia a sua própria serraria para aproveitamento da madeira derrubada, para construir cercas, casas, currais e, é claro, para vender a maior parte para a obtenção de recursos necessários ao desenvolvimento da própria fazenda, entre outras coisas. Não raras vezes, os projetos agropecuários implantados na Amazônia, foram apenas pretextos para captação de recursos financeiros barato para investir em centros urbanos de outras regiões. Outras vezes, foram feitos a serviço da corrupção, pura, cínica, deslavada.
Assim se comporta uma grande parte dos empreendedores na Amazônia décadas após décadas. O resultado apesar do enriquecimento de meia dúzia de empresários, nem sempre foi, da mesma forma, vantajoso para a população.
Conflitos agrários que resultaram em mortes de trabalhadores rurais, religiosos, pistoleiros e outros atores sociais. O desaparecimento de várias essências florestais, espécies animais, o assoreamento de corpos d’águas superficiais importantes, o sensível aumento da temperatura em diversas áreas, a irregularidade das chuvas, a substituição de imensas áreas de cerrado de biodiversidade singular por imensos plantios de eucaliptos, soja e outras culturas, a inundação de imensas áreas de florestas com lagos decorrentes da construção de barragens hidrelétricas e até a diminuição do volume das águas de rios cujo volume das águas nunca se pensou que chegasse a um nível tão ínfimo. São tantos os efeitos colaterais danosos à região que por si só já merecem outro artigo.
Preservar ou desenvolver? Preservar o que se tem que preservar; conservar é necessário para desenvolver sustentavelmente. É preciso desenvolver balizados por princípios determinantes de uma ação antrópica comprometida com as gerações futuras. É possível empreender sem ter que necessariamente acabar com tudo que a natureza levou anos, séculos ou milênios para criar.
O agronegócio e a natureza não são lados irreconciliáveis. A história da humanidade mostra que pessoas empreendedoras são necessárias ao desenvolvimento social. Esta mesma história evidencia a necessidade de empreender sob princípios que dizem respeito às novas gerações, buscando o uso de tecnologias de menor impacto sobre os recursos naturais, ou que desacelere a pressão sobre estes. Além disso, os processos tecnológicos devem considerar em primeiro plano as pessoas humanas, a harmonia da relação homem/natureza, não o empreendimento pelo empreendimento, ou lucro só e somente só o lucro.
Não basta falar em desenvolvimento sustentável, é preciso estabelecer com clareza a base do desenvolvimento que queremos seguir. Para tanto, é preciso sentar à mesma mesa órgãos oficiais, empreendedores, ambientalistas e tantos atores sociais e econômicos necessários, de todos os setores da sociedade, de todos os ramos de negócio e estabelecermos os parâmetros deste desenvolvimento que pretendemos sustentável. Ah, antes que eu esqueça, é necessário que as leis que regem este novo paradigma sejam, de fato, cumpridas. Quem sabe assim superaremos o dilema – desenvolver ou preservar? Hoje temos instrumentos legais e tecnológicos que nos propiciam forjar um desenvolvimento criativo, humano, gerador de riquezas, socialmente justo e conservacionista.
Parece que até bem pouco tempo predominava o consenso ideológico da bondosa e farta mãe natureza. Um lugar de onde todos podiam tirar e usufruir, mas ninguém tinha o dever de repor ou sequer de pensar em reposição dos recursos extraídos dela. Era assim. Era assim? Será que já podemos pensar que era assim? Não, não sei bem se posso generalizar essa coisa de era assim.
Quando vejo aqueles madeireiros no Pará, quando vejo a mata ciliar, Brasil adentro, Mata Atlântica e Mata Amazônica, sendo substituída por capim; quando vejo manguezais sendo substituídos por criatórios de camarão, quando vejo um sem número de crimes ambientais sem punição e um Estado politiqueiro, corrupto, impotente e falastrão inócuo, percebo que a força do senso comum que vê a natureza como um lugar de inesgotáveis recursos naturais, infelizmente, ainda prevalece nos tempos hodiernos.
Muito se fala e muito se condena os ambientalistas, ainda que seja louvável o que fazem contra a depredação da natureza, ainda que sejam determinados e incansáveis na tarefa da preservação de certos nichos ecológicos, ou na árdua missão de salvar o planeta, eles são uma minoria bem intencionada, barulhenta ou silenciosamente trabalhando no afã da consecução de um objetivo quase impossível.
No Brasil, meio ambiente constitui um daqueles temas excelentes para fazer projetos e levantar uma grana lá fora, mas, quase sempre não passa disso. Um projeto para marcar posição, uma rubrica do orçamento, sempre pronta a ser subtraída em benefício de outra pasta qualquer.
Os dispositivos legais pertinentes a regulação da relação do homem com a natureza no Brasil estão aí há anos, mas fazer cumprir a legislação parece que não era a prioridade. Até pouco tempo, a legislação sobre o meio ambiente parecia uma peça decorativa no seio do conjunto de leis do país.
Vários planos de desenvolvimento do governo brasileiro priorizavam a ocupação da Amazônia, o desbravamento, a colonização. Aí vieram a derrubada desenfreada para implantação das fazendas de criação do gado bovino, os projetos de colonização, as madeireiras, as mineradoras, os garimpos, as usinas hidrelétricas e outros projetos correlatos. Projetos de toda estirpe vieram impulsionados principalmente por uma política de incentivos fiscais, com crédito farto e barato. Era a política do integrar para não entregar, lembram?
Cada fazenda implantada trazia a sua própria serraria para aproveitamento da madeira derrubada, para construir cercas, casas, currais e, é claro, para vender a maior parte para a obtenção de recursos necessários ao desenvolvimento da própria fazenda, entre outras coisas. Não raras vezes, os projetos agropecuários implantados na Amazônia, foram apenas pretextos para captação de recursos financeiros barato para investir em centros urbanos de outras regiões. Outras vezes, foram feitos a serviço da corrupção, pura, cínica, deslavada.
Assim se comporta uma grande parte dos empreendedores na Amazônia décadas após décadas. O resultado apesar do enriquecimento de meia dúzia de empresários, nem sempre foi, da mesma forma, vantajoso para a população.
Conflitos agrários que resultaram em mortes de trabalhadores rurais, religiosos, pistoleiros e outros atores sociais. O desaparecimento de várias essências florestais, espécies animais, o assoreamento de corpos d’águas superficiais importantes, o sensível aumento da temperatura em diversas áreas, a irregularidade das chuvas, a substituição de imensas áreas de cerrado de biodiversidade singular por imensos plantios de eucaliptos, soja e outras culturas, a inundação de imensas áreas de florestas com lagos decorrentes da construção de barragens hidrelétricas e até a diminuição do volume das águas de rios cujo volume das águas nunca se pensou que chegasse a um nível tão ínfimo. São tantos os efeitos colaterais danosos à região que por si só já merecem outro artigo.
Preservar ou desenvolver? Preservar o que se tem que preservar; conservar é necessário para desenvolver sustentavelmente. É preciso desenvolver balizados por princípios determinantes de uma ação antrópica comprometida com as gerações futuras. É possível empreender sem ter que necessariamente acabar com tudo que a natureza levou anos, séculos ou milênios para criar.
O agronegócio e a natureza não são lados irreconciliáveis. A história da humanidade mostra que pessoas empreendedoras são necessárias ao desenvolvimento social. Esta mesma história evidencia a necessidade de empreender sob princípios que dizem respeito às novas gerações, buscando o uso de tecnologias de menor impacto sobre os recursos naturais, ou que desacelere a pressão sobre estes. Além disso, os processos tecnológicos devem considerar em primeiro plano as pessoas humanas, a harmonia da relação homem/natureza, não o empreendimento pelo empreendimento, ou lucro só e somente só o lucro.
Não basta falar em desenvolvimento sustentável, é preciso estabelecer com clareza a base do desenvolvimento que queremos seguir. Para tanto, é preciso sentar à mesma mesa órgãos oficiais, empreendedores, ambientalistas e tantos atores sociais e econômicos necessários, de todos os setores da sociedade, de todos os ramos de negócio e estabelecermos os parâmetros deste desenvolvimento que pretendemos sustentável. Ah, antes que eu esqueça, é necessário que as leis que regem este novo paradigma sejam, de fato, cumpridas. Quem sabe assim superaremos o dilema – desenvolver ou preservar? Hoje temos instrumentos legais e tecnológicos que nos propiciam forjar um desenvolvimento criativo, humano, gerador de riquezas, socialmente justo e conservacionista.