Cuidado com as classificações. Desculpem-me filhos, mas é necessário eu falar – cuidado com as classificações. Sejam cuidadosos com os seus amigos, não os classifiquem com expressões pejorativas, desclassificantes, dessas que causam pejo às pessoas. Minha mãe, dona Joana, sempre nos lembrava: quem tem vergonha, não envergonha os outros.
Do mesmo modo, não permitam que pessoas quaisquer lhes atribuam esses tipos de des-classificações. Não as autorizem, pelo contrário, desautorizem-nas terminantemente.
É comum nos espaços coletivos que frequentamos encontrarmos pessoas que atribuem a si a descabida autoridade para classificar pejorativamente as outras. São as conhecidas gaiatas, engraçadinhas, brincalhonas, que adoram provocar risos no grupo somente para chamar atenção. Para tanto, elas atribuem as mais diversas e esquisitas denominações às pessoas do seu convívio. São os tais apelidos.
Jovens não raras vezes são impulsivos... coisa da idade..., uma fase da vida em que as pessoas estão super-energizadas e vão fazendo coisas após coisas antes de qualquer reflexão. Às vezes fazem coisas brilhantes merecedoras de ovações, às vezes fazem coisas de mau alvitre que podem ser prejudiciais a si próprios, outras vezes fazem ou dizem coisas prejudiciais a outrem. Aí está o perigo. Cada pessoa tem um tipo de reação a esse tipo de investida. Uns se irritam e demonstram na hora; outros mais eufóricos partem mesmo para a agressão física ou verbal em retaliação à agressão sofrida; uns até acham graça; há os que se mostram indiferentes, entretanto, há pessoas que ali, no momento não esboçam qualquer tipo de reação, contudo, no seu íntimo se processam reações tão desgastantes que podem lhes causar prejuízos por toda vida. Há ainda, aquelas pessoas que guardam aquele momento amargo da sua vida no freezer, com tanto rancor, com tanto ódio, sem jamais distinguir ser aquele apenas um momento da juventude, uma brincadeira de amigo, um colega de classe que fez aquilo num impulso momentâneo. Ao contrário, essas pessoas congelam na memória todo o sofrimento que sentiram naquele dado momento e, com ele, o ódio da pessoa que a constrangeu, como uma fotografia irretocável com todos os defeitos explícitos que nem mesmo o tempo foi capaz de removê-los.
Outras pessoas se deixam impregnar de determinadas denominações depreciativas de tal forma, que passam o resto da vida lutando no sentido de provar a elas mesmas que não são aquilo que alguém certa vez lhes apelidou; não têm aquele defeito que alguém lhes atribuiu; são capazes de superar aquilo que alguém disse que não seriam capazes... e por aí vão...
Mas, para que apelidos se eles são tão constrangedores, que são capazes de constranger até mesmo a pessoa que os criou?