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segunda-feira, 24 de maio de 2010

Conversa entre pais e filhos IV

Cuidado com as classificações. Desculpem-me filhos, mas é necessário eu falar – cuidado com as classificações. Sejam cuidadosos com os seus amigos, não os classifiquem com expressões pejorativas, desclassificantes, dessas que causam pejo às pessoas. Minha mãe, dona Joana, sempre nos lembrava: quem tem vergonha, não envergonha os outros.

Do mesmo modo, não permitam que pessoas quaisquer lhes atribuam esses tipos de des-classificações. Não as autorizem, pelo contrário, desautorizem-nas terminantemente.

É comum nos espaços coletivos que frequentamos encontrarmos pessoas que atribuem a si a descabida autoridade para classificar pejorativamente as outras. São as conhecidas gaiatas, engraçadinhas, brincalhonas, que adoram provocar risos no grupo somente para chamar atenção. Para tanto, elas atribuem as mais diversas e esquisitas denominações às pessoas do seu convívio. São os tais apelidos.

Jovens não raras vezes são impulsivos... coisa da idade..., uma fase da vida em que as pessoas estão super-energizadas e vão fazendo coisas após coisas antes de qualquer reflexão. Às vezes fazem coisas brilhantes merecedoras de ovações, às vezes fazem coisas de mau alvitre que podem ser prejudiciais a si próprios, outras vezes fazem ou dizem coisas prejudiciais a outrem. Aí está o perigo. Cada pessoa tem um tipo de reação a esse tipo de investida. Uns se irritam e demonstram na hora; outros mais eufóricos partem mesmo para a agressão física ou verbal em retaliação à agressão sofrida; uns até acham graça; há os que se mostram indiferentes, entretanto, há pessoas que ali, no momento não esboçam qualquer tipo de reação, contudo, no seu íntimo se processam reações tão desgastantes que podem lhes causar prejuízos por toda vida. Há ainda, aquelas pessoas que guardam aquele momento amargo da sua vida no freezer, com tanto rancor, com tanto ódio, sem jamais distinguir ser aquele apenas um momento da juventude, uma brincadeira de amigo, um colega de classe que fez aquilo num impulso momentâneo. Ao contrário, essas pessoas congelam na memória todo o sofrimento que sentiram naquele dado momento e, com ele, o ódio da pessoa que a constrangeu, como uma fotografia irretocável com todos os defeitos explícitos que nem mesmo o tempo foi capaz de removê-los.

Outras pessoas se deixam impregnar de determinadas denominações depreciativas de tal forma, que passam o resto da vida lutando no sentido de provar a elas mesmas que não são aquilo que alguém certa vez lhes apelidou; não têm aquele defeito que alguém lhes atribuiu; são capazes de superar aquilo que alguém disse que não seriam capazes... e por aí vão...

Mas, para que apelidos se eles são tão constrangedores, que são capazes de constranger até mesmo a pessoa que os criou?

Amizade é para ser conservada, zelada carinhosamente. A inimizade não deve ser cultivada, por isso, evitem-na. Se alguém não nos serve como amigo, nem por isso deixa de desmerecer o nosso respeito.
Obrigado por comentar.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Violência na escola

Há tempos que a mídia mostra dezenas de casos de violência em escolas públicas e particulares brasileiras. São crianças, pré-adolescentes e adolescentes que se desentendem entre si, ou com professores e outros funcionários das escolas, que as repreendem por atitudes de indisciplina ou insubordinação.
Crianças que cometem casos de indisciplina não é uma coisa rara nas escolas, isto sempre aconteceu, mas, o que espanta e preocupa é a violência que permeia esses casos. São lesões corporais graves com tentativas de homicídios, homicídios, ofensas morais, traumáticas e irreparáveis, uma série atos que além de preocupar envergonham a sociedade.
Percebo que muitos tem pensado na origem das causas desses tipos de atitudes: se a escola, a família, o meio em que essas crianças e jovens convivem, ou outros.
No mundo hodierno, pai e mãe necessitam de trabalhar fora para obter o sustento da família, embora haja casos que mesmo os dois se submetendo a regimes de trabalho assemelhado à escravidão, o que ganham não é suficiente para darem uma vida digna à família. O outro aspecto deste fato é a atenção que falta aos filhos quando pai e mãe se ausentam de casa por tanto tempo, deixando os filhos a mercê da sorte, de um ou outro vizinho mais generoso, ou de terceiros que lhes prestam serviços domésticos.
A ausência de pai e mãe faz muitíssima falta no quotidiano da criança, porque lhe tolhe da assimilação da cultura familiar, ensinamentos, práticas, princípios, regras, limites que lhes são necessários na formação do caráter durante a infância e a adolescência. Quando esse convívio não existe ou é substituído por encontros pontuais ou eventuais, esses encontros tendem a ser ou festivos – os pais no afã de preencherem a lacuna deixada pela ausência do dia-a-dia, quando estão em casa no final de semana criam momentos de lazer ou festivos para, desse modo, suprirem a falta que fazem durante a semana toda. Outros fazem justamente ao contrário, aproveitam os encontros de fim de semana para corrigir prováveis erros cometidos pelos filhos durante as suas ausências. Neste mister, agem sob informações de vizinhos, parentes, ou recados ou avisos escolares que denunciam faltas cometidas pelos filhos. Neste caso, os poucos momentos de convivência se confundem com repressão.
Fique claro que atenção é muito importante e cara. Quando não há acompanhamento sistemático dos pais, a falta de atenção é assimilada pelos filhos, que de acordo com o caráter intrínseco de cada um, com a personalidade específica, reagem e a externam das mais distintas formas. Passam a cometer atos que chamem a atenção da escola, da rua, da vizinhança e, em muitos casos, da polícia. Uma vez tolhidos da presença dos pais, que lhes são abruptamente sugados por uma espécie de ganância social, deixam de assimilar a cultura familiar que o convívio com os pais lhes proporcionaria e passa a admirar “heróis” forjados na convivência fora de casa, tornando-se presa fácil da violência, das drogas, do crime.
O Brasil herda do regime escravista cacoetes desprezíveis que agravam as diferenças sociais entre os diversos segmentos da sociedade. Aqui me refiro à mania que tem os nossos governantes de capricharem sempre que fazem algo para as classes média e alta e negligenciarem, propositada e culturalmente, quando as coisas são destinadas às classes baixas. Essa herança pode ser responsabilizada por parte do descaso que se verifica nos bairros de classe baixa. Faltam áreas verdes, praças e parques onde as crianças possam ter momentos de lazer, faltam segurança, espaços culturais, as escolas não tem espaços físicos para esporte, laboratórios e cultura e, no tocante à metodologia de ensino e ao conteúdo programático são, de modo geral, fracos.
Embora haja estudos que diga ao contrário, eu insisto batendo na tecla do círculo vicioso da má qualidade do ensino público atualmente. Escola arquitetônica e educacionalmente insatisfatória, com professores mal pagos, desestimulados, desinformados, mal formados. Pouca ou nenhuma interação com a comunidade, encontro de pais e mestres com conteúdo negativo, sempre cobrando dos pais ao invés de estimulá-los a participar ativamente da vida dos filhos aliando-se à escola. Alunos desinteressados, pouco envolvidos ou comprometidos com a escola, aprendizagem aquém daquilo exigido pela sociedade e pelo mercado de trabalho. Mas, o pior de toda essa situação é a relação desrespeitosa entre alunos e professores. Turno ou tempo de estudo diário na escola incompatível com a situação social do estudante. É claro que neste meio há exceções.É necessário que se recrie a escola pública, compatível com a realidade dos alunos das classes sociais populares, integrando-os, despertando-lhe maior apego e prazer ao freqüentá-la. Entretanto, não há escola de qualidade que substitua a presença dos pais na vida dos filhos, portanto, neste momento de crise, podemos torná-lo num ótimo momento não só para pensar uma nova ordem econômica, financeira, ou monetária, mas, para repensar esse nosso modelo social, em que o mercado consome famílias e produz violência e chama tudo isso de desenvolvimento, agora, com o apelido de sustentável.