Já
faz algum tempo que eu observo os rumos do mercado imobiliário no Maranhão, de
modo especial, em Santa Inês e em São Luís, principalmente. Leio artigos de
especialistas e esses falam de bolha inflacionária desse mercado. Algo tipo, os
preços são extrema e artificialmente elevados, quando o mercado não possui um
excesso de dinheiro disponível para comprar os imóveis colocados à venda. Há
uma demanda grande de imóveis? Há. Há uma grande quantidade de recursos
disponíveis para a aquisição de imóveis? Não. De onde vem a maior parte dos
recursos disponibilizados para a aquisição de imóveis no Brasil? Dos bancos
oficiais, principalmente, da Caixa Econômica Federal.
Para
as camadas populares, o governo federal desenhou o programa Minha
casa, minha vida, as demais classes que precisam de recursos para
aquisição da casa própria recorre aos bancos.
Os
corretores de imóveis dominam todo o trâmite do processo de aquisição e têm na
ponta da língua o passo a passo de todo o procedimento. Conhecem alguém aqui
que facilita isso, conhecem alguém ali, que facilita aquilo, mas, tudo depende
de dindin, é claro.
Mas,
o que me causa estranheza no mercado imobiliário hoje é o valor dos imóveis
diante da quantidade ofertada. Observem, as pessoas não possuem liquidez para a
compra de imóveis e, há muitos imóveis disponíveis no mercado.
Hoje,
a maioria das pessoas que desejam adquirir um imóvel, recorre à Caixa Econômica
Federal, ou outro banco que disponibilize recursos específicos à aquisição
destes.
Outro
dado que me intriga da mesma forma, é que, de modo geral, o aluguel de um
imóvel equivale a 1% do seu valor total. Contudo, quando se fala em compra,
essa relação desaparece. Um imóvel cujo aluguel vale em torno de R$ 700,00 a R$
1.000,00, é oferecido à venda por R$ 200 mil a R$ 300 mil. Por que isso está
acontecendo? Há um fenômeno novo na economia brasileira que provoca o aumento
do preço do produto com o aumento da oferta?
Qual
é o fenômeno que regula o preço do aluguel? É a relação entre a demanda e a
oferta, ou seja, o próprio mercado. Então, aí oferta e demanda se ajustam, pois
de um lado está o locador com o seu imóvel e do outro está o locatário com o
seu salário, a sua renda, seja ela qual for, mas, ninguém recorre mensalmente
ao mercado de capitais para pagar aluguel. Note-se que a reclamação sobre a
alta do preço do aluguel não é pequena, mas, ainda assim, quando o imóvel é
oferecido à venda o seu preço duplica ou triplica.
Por
que isso acontece? Basicamente, porque o mercado financeiro habitacional não
empresta dinheiro para a pessoa que deseja comprar um imóvel, mas o oferta
diretamente àquelas que o constroem. De fato, quando no Brasil o governo faz um
programa de oferta de imóveis à classe média ou à classe de baixa renda, ele, o
governo, não deseja satisfazer as necessidades dessas classes, mas, a da classe
empresarial que os ofertará ou construirá os imóveis que as tais classes
sociais desejam ou necessitam.
De
onde vem essa prática? Vem do Brasil colônia, do Brasil escravista, que achava
que os recursos do governo não devem ser repartidos com os pobres ou as classes
menores, mas, deve ser um privilégio daqueles que fazem a maioria política, os
da mais alta classe econômica, social e política. Porque, de acordo com a
ideologia colonialista e escravista, estes sabem o que fazer com o dinheiro,
estes são trabalhadores, estes têm pedgree para mamar na teta do
governo, os demais não. Ah, mas, de acordo com a carta magna somos todos iguais
em direitos. Daí a razão do dá aqui e toma lá. É preciso fazer de conta que
todos temos os mesmos direitos. Como diz o Maquiavel, não basta ser, tem que
parecer que é. É essa necessidade de parecer democrático que faz o governo
emprestar aos pobres o dinheiro que ele, o governo carimba para ir diretamente
para as mãos do rico.
Ah,
então eu estou dizendo que o governo faz mal aos pobres quando disponibiliza
recursos para a aquisição da casa própria, facilitando que as classes de baixa
e média renda realizem o sonho da residência própria? Não, absolutamente, não.
Estou dizendo que o governo quando age do jeito que sempre agiu, ajuda a
inflacionar o mercado imobiliário, porque no Brasil há uma cultura de
multiplicação dos preços dos produtos e serviços que sejam pagos com recursos
oficiais – herança da nossa colonização. No caso do mercado imobiliário, embora
esse dinheiro seja pago pelo adquirente do imóvel, mesmo assim, esse recurso é
assimilado pelo vendedor como um recurso do governo que vai ser pago a perder
de vista e por isso, ele eleva o preço do imóvel a níveis estratosféricos,
multiplicando os seus lucros e deixando a dívida para o comprador.
O
que se deve observar? Da parte dos Bancos, a relação valor do imóvel-aluguel
permanece inalterada. Isto significa que o comprador vai pagar por muitos anos
o valor correspondente a 1% do valor do imóvel. Só que agora não se trata mais
de aluguel, mas da casa própria, o sonho da casa própria. O bom senso econômico
diz-nos que uma pessoa pode disponibilizar para o pagamento de dívidas no
máximo 30% da sua renda líquida. Logo, desembolsar R$ 2 mil reais ou R$ 3 mil
reais mensalmente, faz o sonho de aquisição da casa própria tornar-se um
pesadelo para o médio assalariado brasileiro.
Mas,
o que fazer? Como mudar esse cenário? Ora, os bancos ao fazer o financiamento
da casa própria daria maior poder de barganha aos tomadores de financiamento se
transformassem o recurso tomado em carta ou cartão de crédito. Assim, o tomador
iria ao mercado imobiliário e escolheria o imóvel fazendo proposta a partir de
um valor real de mercado, fazendo o percurso no rumo inverso: primeiro ele
tomaria os recursos no banco, depois compraria o imóvel. Enquanto isso, o
recurso ficaria disponibilizado no Banco de modo a não perder o valor, podendo
ser aplicado em um fundo de investimento no interregno em que o tomador procura
o imóvel do seu gosto. O recurso disponibilizado poderia, inclusive, não ser
utilizado todo, caso o tomador solicitasse um teto e adquirisse um imóvel com o
valor abaixo do teto solicitado. Deste modo, creio, tal como no caso do aluguel
os preços se ajustariam pelo movimento do mercado, quebrando assim esse
paradigma nefasto de cobrar mais caro tudo que é pago pelo estado brasileiro.
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