Luiz Fernando do Rosário Linhares[i]
Planejar é uma necessidade de
toda organização que deseja ter êxito no desempenho das suas ações. No âmbito
da iniciativa privada ou na esfera governamental, planejar é imprescindível.
Nenhuma organização que deseje se sobressair no ramo em que atua poderá
prescindir de conhecer-se intrinsecamente e, concomitantemente, ter ciência da
sua posição em relação à concorrência. É necessário prever estados futuros,
saber aonde quer chegar num horizonte de tempo definido.
Hoje as organizações lançam mão
do planejamento estratégico para definir a sua missão, a visão que desejam ter
diante da sociedade, objetivos e as metas que almejam alcançar ou sobrepujar.
Daí a expressão “bater metas”de uso tão comum nas empresas.
Na esfera governamental, de modo
geral, o período de janeiro a abril é dedicado ao planejamento, contudo, esta
não é uma regra. Há muitos administradores que não dão a mínima atenção para o
planejamento. Resultado: administram a bagunça, trabalhando como bombeiros,
apagando fogo aqui e ali. Comandam uma administração reativa, de ações pontuais
e emergenciais. Não fazem a mínima distinção entre o global e o local, também
não ligam ou não percebem as demandas tendenciais da população. Não captam
recursos a partir da demanda da população, mas apenas acolhem as verbas ou,
como costumam chamar, os projetos que lhes chegam à mão por meio do poder
legislativo, ou através de programas do executivo. São administrações eivadas
de improvisos e erros administrativos, retrógradas, incapazes de qualquer ato
inovador.
Administrações que planejam são
cônscias do lugar em que ocupam, da realidade em que vivem. Planejam ações a
partir dessa realidade, possuem visão da realidade global da sua jurisdição e
de microrrealidades que envolvem setores da administração ou segmentos sociais.
São proativas, captam recursos a partir de um plano que contempla ações de fato
demandadas pela população. Elaboram seus orçamentos a partir de um
sistematizado plano de ações. Pensam as cidades num horizonte temporal de longo
prazo e costumam integrar ações e os respectivos setores administrativos que as
executam.
Como conhecedores da realidade
global da sua jurisdição, os administradores que planejam promovem a educação,
a saúde, o saneamento básico, a cultura, o esporte, ações ambientais, a agropecuária, o
urbanismo, ações fiscais, a habitação, a segurança, o lazer, ações sociais
diversas. Criam um ambiente favorável ao desenvolvimento empresarial, atraem
investimentos particulares e fomentam a criação de emprego e renda.
Desta forma, o plano de governo
passa a funcionar como um instrumento de interlocução entre administradores
organizados e as potenciais fontes de recursos. Não raras vezes,
administradores municipais criam projetos que, uma vez levados à captação de
recursos junto a ministérios, servem de mote para o desenvolvimento de programa
regional ou mesmo nacional. Isto acontece pela ação inovadora do administrador.
Creiam, pessoas inovadoras são as que mais
contribuem para a mudança e o desenvolvimento da nação. Algumas pagam alto
preço, porque nem sempre são de pronto compreendidas, mas o tempo, senhor dos
incrédulos, sempre coloca as coisas nos lugares certos. Juscelino Kubitschek,
quando ainda prefeito de Belo Horizonte, usou da sua experiência de médico e
analogamente ao exercício da profissão, fez um diagnóstico da cidade e com base
neste projetou ações que de tão bem sucedidas desencadearam a sua ascensão ao
governo de Minas Gerais e, daí à Presidência da República. Vou prescindir dos
maus exemplos, pois deste o senso comum e o desprezo popular se encarregam.
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