Chegou a temporada de trocas intensivas, o mercado está aberto. Está aberto o mercado eleitoral.
Com a desideologização da política brasileira, esta se personalizou. O candidato nem se importa em exibir a bandeira partidária sob a qual registra a sua candidatura. Na prática, os partidos enquanto organizações ideologicamente construídas acabaram. Os partidos políticos são, agora, abrigos de candidatos personalistas. Sabe-se que determinada pessoa está candidata, mas, não se sabe por qual partido. Cartazes, planfetos e propagandas de toda natureza exibem fotografias, número e frases de cunho identitário personalista. O partido pode ser identificado pelo número do candidato, mas, a sigla estará quase sempre escrita em letras de pouca visibilidade, podendo ainda ser estilizada por cores e formas diversas.
Ora, como já não elege mais princípios ideológicos que balizem procedimentos no exercício do direito político, como já não existe uma causa transformadora que cimente a conjunção das idéias para alcançar o estado idealizado, o candidato, agora, se sobrepõe ao partido, a militância política voluntária cede lugar à mobilização mercantilizada. Não há mais a figura do militante que saía às ruas levando a bandeira do seu partido, mobilizando eleitores para votar no seu candidato, por acreditar que aquele candidato, sob a bandeira do partido, estaria apto a defender princípios e executar um projeto político engendrado com a participação da militância. Faz falta a militância que parecia a sombra do povo, porque estava em toda parte: na feira, na praça, nos retornos, no semáforo, na praia, no campo de futebol, nos bares, em todo lugar. Essa militância que fazia tudo pela causa se recolheu, cedendo espaço para a militância que faz tudo por dinheiro, a militância mercantilizada, que é pontual, sazonal ou diarista. Uma diária para entregar planfetos, duas diárias para cuidar de grandes cartazes, ou uma empreitada para fazer de tudo um pouco durante tempo determinado. O contrato pode incluir ou não os trabalhos de boca de urna.
Não há mais quem queira fazer esses serviços gratuitamente porque não há mais a dita causa, não há mais o político comprometido com um programa, um plano, um fazer político democraticamente construído. Os candidatos não representam mais a comunidade em que moram, a classe social a que pertencem, nem a categoria profissional da qual fazem parte. São candidatos de si próprios. Não têm compromisso com nada, nem com ninguém, pensam apenas em se locupletar da posição política, enriquecer é a meta. O objetivo seu é enriquecer de qualquer maneira. Nesse mister, a falta de escrúpulo é ingrediente imprescindível para o sucesso. E assim, eles se jogam no mercado de troca de votos.
Quando se fala em compra e venda de votos é comum pensar que esta é uma prática dos políticos junto às camadas sociais desfavorecidas, os descamisados, descuecados, ou des-qualquer-coisa, como costuma a elite (des) classificar este segmento social. É certo que nesta camada há uma troca eleitoral desvantajosa. Nesse nicho do mercado eleitoral os políticos costumam trocar votos por dinheiro, ou por uma série de bens e serviços de primeira necessidade, ou de consumo imediato. Mas, este é apenas o segmento varejista do mercado eleitoral, provavelmente, o maior de todos os segmentos do comércio eleitoral, mas, não é o que movimenta mais recursos.
O mercado eleitoral é fortalecido pelo personalismo político que substituiu o ente ideológico-coletivo pelo marketing individual, passando, com isso a vender o futuro mandato no varejo e no atacado.
Como o mandato não pertence mais ao partido, que, aliás, agora passou a ser um bem de consumo, que ele, o político, troca por qualquer causa de interesse pessoal; por isso ele agora vincula o futuro mandato a um interesse empresarial, podendo ser da indústria, do comércio, ou da agricultura e pecuária, ou outro qualquer segmento da economia. Esta é a face do mercado eleitoral atacadista, que se caracteriza como um mercado do futuro e, ainda, como um segmento próprio das camadas sociais economicamente mais favorecidas. Aí ele troca recursos de campanha eleitoral por futuros cargos de confiança, prestação de serviços, obras superfaturadas, vendas e outros interesses próprios da classe alta, ou do segmento empresarial para o qual o político vendeu o seu mandato.Não se pode negar que este é um mercado de muita agitação, chegando mesmo a superar em agitação o pregão da tradicional bolsa de valores. Quando no clímax das negociações a variedade de produtos comercializados no mercado eleitoral é quase inigualável, pena que nele não se encontra um único produto de significativa necessidade e inimaginável raridade nos tempos atuais – a vergonha.
Com a desideologização da política brasileira, esta se personalizou. O candidato nem se importa em exibir a bandeira partidária sob a qual registra a sua candidatura. Na prática, os partidos enquanto organizações ideologicamente construídas acabaram. Os partidos políticos são, agora, abrigos de candidatos personalistas. Sabe-se que determinada pessoa está candidata, mas, não se sabe por qual partido. Cartazes, planfetos e propagandas de toda natureza exibem fotografias, número e frases de cunho identitário personalista. O partido pode ser identificado pelo número do candidato, mas, a sigla estará quase sempre escrita em letras de pouca visibilidade, podendo ainda ser estilizada por cores e formas diversas.
Ora, como já não elege mais princípios ideológicos que balizem procedimentos no exercício do direito político, como já não existe uma causa transformadora que cimente a conjunção das idéias para alcançar o estado idealizado, o candidato, agora, se sobrepõe ao partido, a militância política voluntária cede lugar à mobilização mercantilizada. Não há mais a figura do militante que saía às ruas levando a bandeira do seu partido, mobilizando eleitores para votar no seu candidato, por acreditar que aquele candidato, sob a bandeira do partido, estaria apto a defender princípios e executar um projeto político engendrado com a participação da militância. Faz falta a militância que parecia a sombra do povo, porque estava em toda parte: na feira, na praça, nos retornos, no semáforo, na praia, no campo de futebol, nos bares, em todo lugar. Essa militância que fazia tudo pela causa se recolheu, cedendo espaço para a militância que faz tudo por dinheiro, a militância mercantilizada, que é pontual, sazonal ou diarista. Uma diária para entregar planfetos, duas diárias para cuidar de grandes cartazes, ou uma empreitada para fazer de tudo um pouco durante tempo determinado. O contrato pode incluir ou não os trabalhos de boca de urna.
Não há mais quem queira fazer esses serviços gratuitamente porque não há mais a dita causa, não há mais o político comprometido com um programa, um plano, um fazer político democraticamente construído. Os candidatos não representam mais a comunidade em que moram, a classe social a que pertencem, nem a categoria profissional da qual fazem parte. São candidatos de si próprios. Não têm compromisso com nada, nem com ninguém, pensam apenas em se locupletar da posição política, enriquecer é a meta. O objetivo seu é enriquecer de qualquer maneira. Nesse mister, a falta de escrúpulo é ingrediente imprescindível para o sucesso. E assim, eles se jogam no mercado de troca de votos.
Quando se fala em compra e venda de votos é comum pensar que esta é uma prática dos políticos junto às camadas sociais desfavorecidas, os descamisados, descuecados, ou des-qualquer-coisa, como costuma a elite (des) classificar este segmento social. É certo que nesta camada há uma troca eleitoral desvantajosa. Nesse nicho do mercado eleitoral os políticos costumam trocar votos por dinheiro, ou por uma série de bens e serviços de primeira necessidade, ou de consumo imediato. Mas, este é apenas o segmento varejista do mercado eleitoral, provavelmente, o maior de todos os segmentos do comércio eleitoral, mas, não é o que movimenta mais recursos.
O mercado eleitoral é fortalecido pelo personalismo político que substituiu o ente ideológico-coletivo pelo marketing individual, passando, com isso a vender o futuro mandato no varejo e no atacado.
Como o mandato não pertence mais ao partido, que, aliás, agora passou a ser um bem de consumo, que ele, o político, troca por qualquer causa de interesse pessoal; por isso ele agora vincula o futuro mandato a um interesse empresarial, podendo ser da indústria, do comércio, ou da agricultura e pecuária, ou outro qualquer segmento da economia. Esta é a face do mercado eleitoral atacadista, que se caracteriza como um mercado do futuro e, ainda, como um segmento próprio das camadas sociais economicamente mais favorecidas. Aí ele troca recursos de campanha eleitoral por futuros cargos de confiança, prestação de serviços, obras superfaturadas, vendas e outros interesses próprios da classe alta, ou do segmento empresarial para o qual o político vendeu o seu mandato.Não se pode negar que este é um mercado de muita agitação, chegando mesmo a superar em agitação o pregão da tradicional bolsa de valores. Quando no clímax das negociações a variedade de produtos comercializados no mercado eleitoral é quase inigualável, pena que nele não se encontra um único produto de significativa necessidade e inimaginável raridade nos tempos atuais – a vergonha.
Um comentário:
Sobre o dinheiro público.
Como dizem: "achado não é roubado, quem perdeu é relaxado". Mas nesse caso não é achado e nem muito menos perdido, de certa forma é perdido mas não deveria.
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