É sempre muito romântica a visão que um interiorano tem da cidade grande. Comigo não era diferente. Na minha cabeça de adolescente, a passagem de Rosário para São Luís significaria uma mudança muito grande. Morar na cidade, conviver com os avanços idealizados, estudar, ser doutor... Mudar de vida. Não sabia que tipo de doutor queria ser, mas tinha a certeza que seria doutor, que a cidade me abriria essa oportunidade. Seria doutor como o meu padrinho Antônio de Jesus Costa, o Miruca, lá de Rosário. Esse era o meu ideal. Miruca foi, num grande período da minha, o tipo ideal que eu perseguia. Eu o via como um homem inteligente, arguto, popular, querido e respeitável. Em síntese, queria ser doutor como o meu padrinho Antônio.
Foi assim que eu desembarquei em São Luís em dezembro de 1972, após a conclusão do ginásio (que hoje se denomina de ensino fundamental maior). Fui, com muita fé em Deus, atrás da realização dos meus sonhos: cursar o ensino médio, de preferência numa escola pública de boa qualidade, me preparar para entrar na universidade e, a partir desta, realizar os meus sonhos.
Como disse o poeta Gilberto Gil, “Eu também tô do lado de Jesus/ só que acho que Ele se esqueceu/de dizer que na terra a gente tem/que arranjar um jeitinho pra viver”. Eu não sabia muito como iria viver na cidade grande, mas tinha a determinação necessária para viver nela, porque sabia que os recursos que a minha Rosário tinha não seriam necessários para eu chegar onde eu pretendia. Logo eu, um pretenso doutor...
Fiz seleção pra Escola Técnica Federal do Maranhão, não logrei êxito; no Liceu Maranhense também não consegui entrar. Tive que recorrer ao auxílio do meu primo Wallace, lá do Codozinho (embora nessa época ele já morasse no bairro do Apicum), que conhecia a cidade mais do que eu, para me ajudar a arranjar um colégio pra eu cursar o segundo grau (hoje ensino médio).
Foi o meu primo Wallace Braz Sena (aquele do Mojore), que me salvou a pele. Ele me arranjou vaga no Colégio Henrique de La Rocque.
Pronto, a minha vida na cidade estava começando a se arranjar, eu já estava matriculado num colégio, mas onde eu iria morar? Estava na casa da minha Tia Maria, lá no bairro do Diamante, mas só para fazer as provas de seleção para o segundo grau. Minha mãe ficara em Rosário, sabia da minha determinação, mas não articulara nenhuma casa de parente para eu morar em São Luís...
Estava confuso, resolvi ir ao Codozinho, na casa da minha tia Eunice, quem sabe ali eu teria alguma ideia...
Mal cheguei ao Codozinho, fui abordado por um cara magrinho, baixo, falastrão, que eu nunca tinha visto antes, mas que falava comigo como se me conhecesse há mil anos. O cara falava rápido. Nem deixou eu entrar na casa da minha tia Eunice, foi logo me dizendo: - Prego, ali é a tua casa, tua mãe chegou ontem aqui num caminhão, nós que ajudamos a desembarcar a mudança, vem que eu te mostro...é bem ali”. Claro que hoje, quando lembro-me desse episódio eu acho tudo muito engraçado. Mas, foi pelas mãos do Rogério Guaianaz (ou Guaianaes?...) que eu cheguei à minha nova casa.
Foi assim que eu desembarquei em São Luís em dezembro de 1972, após a conclusão do ginásio (que hoje se denomina de ensino fundamental maior). Fui, com muita fé em Deus, atrás da realização dos meus sonhos: cursar o ensino médio, de preferência numa escola pública de boa qualidade, me preparar para entrar na universidade e, a partir desta, realizar os meus sonhos.
Como disse o poeta Gilberto Gil, “Eu também tô do lado de Jesus/ só que acho que Ele se esqueceu/de dizer que na terra a gente tem/que arranjar um jeitinho pra viver”. Eu não sabia muito como iria viver na cidade grande, mas tinha a determinação necessária para viver nela, porque sabia que os recursos que a minha Rosário tinha não seriam necessários para eu chegar onde eu pretendia. Logo eu, um pretenso doutor...
Fiz seleção pra Escola Técnica Federal do Maranhão, não logrei êxito; no Liceu Maranhense também não consegui entrar. Tive que recorrer ao auxílio do meu primo Wallace, lá do Codozinho (embora nessa época ele já morasse no bairro do Apicum), que conhecia a cidade mais do que eu, para me ajudar a arranjar um colégio pra eu cursar o segundo grau (hoje ensino médio).
Foi o meu primo Wallace Braz Sena (aquele do Mojore), que me salvou a pele. Ele me arranjou vaga no Colégio Henrique de La Rocque.
Pronto, a minha vida na cidade estava começando a se arranjar, eu já estava matriculado num colégio, mas onde eu iria morar? Estava na casa da minha Tia Maria, lá no bairro do Diamante, mas só para fazer as provas de seleção para o segundo grau. Minha mãe ficara em Rosário, sabia da minha determinação, mas não articulara nenhuma casa de parente para eu morar em São Luís...
Estava confuso, resolvi ir ao Codozinho, na casa da minha tia Eunice, quem sabe ali eu teria alguma ideia...
Mal cheguei ao Codozinho, fui abordado por um cara magrinho, baixo, falastrão, que eu nunca tinha visto antes, mas que falava comigo como se me conhecesse há mil anos. O cara falava rápido. Nem deixou eu entrar na casa da minha tia Eunice, foi logo me dizendo: - Prego, ali é a tua casa, tua mãe chegou ontem aqui num caminhão, nós que ajudamos a desembarcar a mudança, vem que eu te mostro...é bem ali”. Claro que hoje, quando lembro-me desse episódio eu acho tudo muito engraçado. Mas, foi pelas mãos do Rogério Guaianaz (ou Guaianaes?...) que eu cheguei à minha nova casa.
Minha mãe era uma mulher muito determinada e havia cumprido a promessa. Ela dizia que quando eu fosse estudar em São Luís ela iria junto e, se tivéssemos que sofrer sofreríamos juntos. Eu já morava no Codozinho e não sabia.
Deus prega cada peça na gente... eu mal sabia que Ele, naquele momento, estava me apresentando um amigo, um grande parceiro de estudo, um grande parceiro de roda de samba, um instrumentista pelo qual eu ia ter, num futuro próximo, mais que amizade, a admiração. O cara era controverso, engraçado, cheio de tiradas, magrinho, mirrado, franzino, sabido... Rogério Guaianaz era um cara extremamente sabido. Não era à toa que o apelidaram de Ratinho.
Deus prega cada peça na gente... eu mal sabia que Ele, naquele momento, estava me apresentando um amigo, um grande parceiro de estudo, um grande parceiro de roda de samba, um instrumentista pelo qual eu ia ter, num futuro próximo, mais que amizade, a admiração. O cara era controverso, engraçado, cheio de tiradas, magrinho, mirrado, franzino, sabido... Rogério Guaianaz era um cara extremamente sabido. Não era à toa que o apelidaram de Ratinho.
Ele adorava cunhar frases... era o Vicente Mateus do Codozinho. Morro de rir, quando me lembro dele. Era dele a frase: “– Professor não compra caderno”.
Rogério Guainaz era mais que um morador do Codozinho, ele tinha o espírito codozinhense. Dele é a primeira hestória que eu vou contar.
Como todo jovem na adolescência, nós jovens lá do Codozinho adorávamos festa. Sou de uma época em que as pessoas da minha classe social faziam muitas festas em suas casas. Festas dançantes. Gostosas e animadas festas. Festas de vizinhança. Festas de bairro. Éramos exímios penetras, penetras profissionais, vivíamos em festas para as quais não éramos convidados. Festas que muitas vezes encontrávamos por acaso. Sábado à noite saíamos do Codozinho farejando festas, íamos longe, no sentido da música, ou por meio de um boato de algum colega do bairro, da escola, e assim por diante.
Quando estávamos na festa, a concorrência era forte, nós queríamos nos armar (gíria da época que significava ficar com uma garota). E, mal dançávamos com uma garota um colega perguntava se ela dançava bem, se colava o corpo na gente, se era cheirosa, se gostava de dançar chapado (bem coladinho no nosso corpo) e outras interrogações do gênero. Se as informações fossem boas, logo os amigos davam em cima da garota. Todos queriam dançar com ela e conquistá-la.
Sabido como era, Rogério Guaianaz criou logo a sua maneira de despiste. Quando dançava com uma moça e gostava, sentia que dava pra ele conquistar, ou que ela tinha os atributos que ele gostava, terminada a parte, se alguém lhe perguntava sobre a moça, ele fazia uma cara de decepção e a esculhambava. Dizia que a menina dançava mal, pisava muito o pé dele, tinha mau hálito, que era flatulenta, e outras coisas do gênero que fosse o suficiente para ninguém querer dançar com ela. Para surpresa de todos, ele dançava a festa toda com ela e, quando terminava a festa, ainda ia levá-la em casa.
Rogério Guainaz era mais que um morador do Codozinho, ele tinha o espírito codozinhense. Dele é a primeira hestória que eu vou contar.
Como todo jovem na adolescência, nós jovens lá do Codozinho adorávamos festa. Sou de uma época em que as pessoas da minha classe social faziam muitas festas em suas casas. Festas dançantes. Gostosas e animadas festas. Festas de vizinhança. Festas de bairro. Éramos exímios penetras, penetras profissionais, vivíamos em festas para as quais não éramos convidados. Festas que muitas vezes encontrávamos por acaso. Sábado à noite saíamos do Codozinho farejando festas, íamos longe, no sentido da música, ou por meio de um boato de algum colega do bairro, da escola, e assim por diante.
Quando estávamos na festa, a concorrência era forte, nós queríamos nos armar (gíria da época que significava ficar com uma garota). E, mal dançávamos com uma garota um colega perguntava se ela dançava bem, se colava o corpo na gente, se era cheirosa, se gostava de dançar chapado (bem coladinho no nosso corpo) e outras interrogações do gênero. Se as informações fossem boas, logo os amigos davam em cima da garota. Todos queriam dançar com ela e conquistá-la.
Sabido como era, Rogério Guaianaz criou logo a sua maneira de despiste. Quando dançava com uma moça e gostava, sentia que dava pra ele conquistar, ou que ela tinha os atributos que ele gostava, terminada a parte, se alguém lhe perguntava sobre a moça, ele fazia uma cara de decepção e a esculhambava. Dizia que a menina dançava mal, pisava muito o pé dele, tinha mau hálito, que era flatulenta, e outras coisas do gênero que fosse o suficiente para ninguém querer dançar com ela. Para surpresa de todos, ele dançava a festa toda com ela e, quando terminava a festa, ainda ia levá-la em casa.
Bobinho esse Rogério Guaianaz, hein?...
2 comentários:
compadre:eu sempre achei que sabia tudo sobre o nosso querido codozinho,quanto engano.confesso que eu não sei quase nada,mas agora eu corro pro abraço...está sendo muito bom ler os seus artigos,verdadeira aula de historia.
primo, nao lembro, mas gostei da lembrança, quanto as festas realmente acontecia dessa maneira, rsrsrsrs, bjs
Sandra
continue escreveendo
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