A amizade e o meu parentesco com Joca iniciou muito antes de nascermos. Quando nascemos as nossas mães já eram comadres e irmãs por consideração. Assim a vida nos conduziu, desde sempre, primos.
Quando criança, a minha porta de entrada em São Luís era a porta da entrada da casa da minha tia Eunice, mãe de Joca. Foi a minha tia Eunice quem raspou a minha cabeça quando passei no vestibular. Foi na casa da dela que eu ouvi o meu nome, na rádio Difusora, como um dos classificados em agronomia naquele vestibular de julho de 1977.
Lembro-me do dia em que acordamos tarde e os nossos amigos já haviam saído para jogar bola. Joca perguntou para alguém do bairro (Codozinho) para onde os nossos amigos foram e informaram que eles foram jogar bola. Então, saímos eu e Joca a procurá-los: Apicum (naquela época em frente a rádio Timbiira havia um campinho de várzea), Colégio Maristas, Ginásio Costa Rodrigues e a quadra do Liceu Maranhense. Um detalhe: o Liceu e o Costa Rodrigues estavam fechados e Joca cismou de atravessarmos o muro que dividia as duas quadras esportivas. Passei um sufoco naquele dia. Nunca havia andado em cima de muro, muito menos a uns 3 metros de altura. Consegui acompanhá-lo, sabe Deus como.
Lembro-me de quando fiquei viúvo. Ele chegou, quando estávamos a velar o corpo da minha mulher, na capela do Hospital Português, falando sobre a experiência que ele já havia passado, quando a Concê, sua primeira esposa, morreu. E, como primo, me dirigiu palavras de conforto para amenizar a minha dor naquele momento. Joca era muito família.
Lembro-me também da última vez que bebemos juntos. Não lembro o ano (março de 1991/92, provavelmente), mas lembro do porre. Ele morava no São Cristóvão e eu morava no Cohatrac IV. A Turma do Saco foi campeã do carnaval daquele ano e a festa de comemoração seria naquele domingo. Fui à casa de Joca, acompanhado da minha filha Juliana, que naquela época tinha 4 ou 5 anos de idade. Ali tomamos umas cervejas numa quitanda que havia defronte da casa dele. Dali eu fui para o Codozinho, para a sede da Turma do Saco e continuei bebemorando o título. Foi um porre homérico. Joguei cerveja em todo mundo, estrapolei. Não deu para voltar para casa dirigindo. Fui dormir na casa da minha cunhada que mora ali perto e ela tomou conta da minha filha enquanto eu curava o porre com o sono.
Depois a vida nos separou. Joca era professor de química e ensinou por muito tempo em vários colégios de São Luís. Quando entrou no Colégio Universitário, queria que eu ficasse eu seu lugar, no Colégio Marista, mas eu declinei porque tinha medo de assumir muitos compromissos como professor e negligenciar na minha formação. Queria me formar no tempo certo, sem atraso. Como se pode observar, de certa forma, o Joca até me protegia. Aliás, ele e o Wallace sempre foram uma espécie de primos mais velhos – amigos, conselheiros e, até mesmo, protetores. Eu os agradeço muitíssimo por tudo que eles fizeram por mim.
Como eu já falei, a vida nos distanciou. A minha vida profissional foi vivida quase sempre fora de São Luís. No interior do Maranhão, Brasília, Fortaleza, Tocantins e agora estou de volta novamente ao Maranhão. Por isso, os meus filhos não tiveram a oportunidade de conviver, ou conhecer os filhos de Joca. O que eu, de certa forma, lamento. Eu só conheço os filhos de Joca com a Concê: O Cláudio, Ana Clara, Cinara e a outra Rejeane (se não estou enganado). Os filhos da segunda esposa, eu não os conheço.
Eu soube do quanto ele vinha sofrendo com a diabetes e as consequências dela decorrentes. Lamento a sua passagem precoce, mas sou cônscio do quanto sou pequeno para refutar os desígnios de Deus.
Em minha mente e, tenho a certeza que na mente dos nossos contemporâneos ficarão as lembranças que marcaram a passagem de Joca (Joseunir Leite Lima) neste planeta.
Meu primo, que Deus ilumine a tua alma, nos dê força para suportar a tua ausência e fortaleça e encha da mais nobre sabedoria a tua viúva para que ela conduza com sabedoria a família que deixaste sob o comando dela.
Obrigado por comentar.
3 comentários:
Grande amigo o Joca, Prego vc ja disse tudo as palavras me faltam para falar de Joca.
Sds Preto Cunha
soube atraves de Costa da passagem de Joca, companheiro de Colegio, Ateneu Teixeira Mendes. Saiamos, todas as madrugadas: ele, eu e riba, pra aula de educação fisica, no carro de serrote, seu pai. Boas lembranças trago comigo: suas supertições, suas zangas(ate chagamos a trocar uns tapas, coisas de adolescentes), sua teimosias, e suas alegrias, Foi muito bom te-lo como amigo. Que Deus o tenha abraçado, senti muito.
Olá.
Meu nome é Assis Lima e sou filho do Joca pelo segundo casamento, no caso, com minha mãe Evanira.
Apenas hoje, incrivelmente, podemos ler esse magnífico texto.
Estamos felizes pela consideração e, principalmente, pelas palavras.
Obrigado!
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