domingo, 9 de outubro de 2011

Por que tanto amor?

Por que escrevo com tanto amor sobre a Mocidade Independente Turma do Saco? Muitos me perguntam isso. A princípio fiquei sem saber o que falar; depois, percebi que as razões são muito simples. Poderia resumir respondendo que tudo decorre da minha convivência com as pessoas maravilhosas que faziam o Codozinho da época quando eu ali residi.

Quem me dera tivesse eu uma foto de cada momento ali vivido. Os jogos de futebol e de futsal nos campos e na velha quadra do Colégio Maristas. Os jogos de futebol na Areinha. As peladas e as confusões no Parque do Bom Menino. As festinhas no Codozinho e nos bairros vizinhos, nas quais entrávamos invariavelmente como penetras. As idas e vindas carregando água da Belira para o Codozinho. As paqueras, os namoros, as paixões, momentos inesquecíveis jamais registrados. Os jogos entre casados e solteiros, sempre muito disputados, sempre muito satirizados, sempre muito fraternos, apesar das minhas cascarias. As festas na Turma do Saco, o reaggae embalado pela radiola de Xaxado. Vejo que quando escrevi a palavra radiola, o computador a sublinhou em vermelho, como se quisesse me dizer: - Pôxa, cara, mas tu és velho, hein?

As festas de Santa Bárbara que a minha mãe fazia todo o dia 04 de dezembro. As noites estudando no quartinho da casa de Bacabal: eu, Deco, Bacabal, Assis, Concita, Rogério Guayanaz e tantos outros amigos e amigas. As rodas de samba que fazíamos na Turma do Saco e as que fazíamos fora.

Lembro-me de quando eu ainda namorava com a minha primeira mulher, a Célia. Um dia, ela irritada com as minhas ausências, me perguntou se eu já havia percebido que eu não a visitava durante os meses de janeiro e fevereiro. Juro que levei um enorme susto. Nunca havia percebido isso. Ela morava pertíssimo de mim e eu ia muito a sua casa, mas era de março a dezembro. Eu vivia de amores pela Turma do Saco e esquecia-me até de namorar, acreditem. Mas, não percebia, tamanho era o meu envolvimento com o carnaval.

As serestas em que eu cantava, acompanhado por Colozinho. As músicas de Paulo Diniz, Nélson Gonçalves, Luiz Melodia, Dorival Caymmi, Roberto Carlos e tantos outros autores. As passagens de músicos que sempre davam uma paradinha ali e davam uma canja pra gente. Era um barato! Macarrão, Zé Miguel, Paulo Simonal, Niles, Costinha, Raimundinho e muitos outros que encostavam junto à turma pegavam o violão, o cavaquinho, ou a gaita e tocavam maravilhas. Niles era ótimo, sempre tocava “sons de carrilhões”, deixava a gente babando e depois acompanhava alguma coisa pra eu cantar. Gostava muito das músicas de Dorival Caymmi e das músicas Dick Farney. Eu sabendo disso, fiz um repertório desses compositores e, quando ele pegava o violão eu saboreava cada nota dos solos de músicas clássicas que ele fazia e depois, cantava músicas como Marina (D. Caymmi), Copacabana, Alguém como tu (Dick Farney) e ia emendando uma na outra, como artifício para prendê-lo ali. Eu gostava muito de vê-lo tocar.

Macarrão era excepcional. Cantava tudo, de todas as épocas, de Os Beatles a João Gilberto. Macarra é maravilhoso, sinceramente. Sinto a felicidade de um dia ter tocado com um músico da magnitude dele. Mas, eu gostava mesmo era de ver Macarra tocar as músicas de sua própria safra. Ele é um excelente músico – instrumentista e compositor. Conta a lenda que, uma noite Macarrão, Lincoln (hoje engenheiro civil) e Maxwell (hoje médico), cismaram de fazer uma serenata. Como todos três tocavam violão e queriam tocar juntos, mas só tinham, naquela ocasião, 2 violões, começaram a andar atrás de mais um violão, mas acharam apenas um bandolim. Como ninguém sabia tocar o instrumento e Macarrão é músico profissional, eles incumbiram Macarra de tocar o tal instrumento. Macarra começou arranhando uma nota aqui, uma nota ali e, no final da seresta já dominava o instrumento. Macarrão é realmente um excelente músico.

E os desfiles da Turma do Saco? Eu os adorava. Era apoteótica a saída da Turma do Saco do Codozinho para a Avenida, ou mesmo ainda nos ensaios. O bairro todo se mobilizava. Quando eu via aquela gente humilde, aguerrida em tudo que fazia, junta, cantando as músicas que nós fazíamos ali, eu sentia algo indecifrável. Éramos felizes por pertencer ao bairro do Codozinho e à Turma do Saco e, o Codozinho e a Turma do Saco explodiam em felicidade porque nós éramos parte deles. Era contagiante.

O papo cabeça regado a cachaça na quitanda do seu Belo. O balcão do Belo virava a nossa tribuna, onde falávamos sobre a política estadual, nacional, ou municipal. Claro que toda essa conversa sempre fica espetada no prego onde seu Belo pendurava as dívidas.

Lembram do cinema de arte do Cine Eden? Íamos a patota, às sextas, assistir o cinema de arte, tomar um caldo de ovos na lanchonete Duas Nações (Rua Grande, quase defronte do Cine Passeio), ou apenas um sorvete, na sorveteria Stop (Rua do Passeio, depois do Cine Passeio, no sentido da Praça Deodoro). Se não tínhamos grana pra fazer uma coisa nem outra, nos bastávamos em ir namorar sob a brisa da Praça Gonçalves Dias, o nosso Largo dos Amores.

Já são seis da manhã e eu ainda tenho muitas coisas a falar do Codozinho e da Turma do Saco, mas vou me conter, senão viverei o resto de vida que tenho falando apenas dessa parte da minha hestória. Mas, não posso esquecer, porém das festas de aniversário. Os aniversários eram bárbaros, gostosos, divertidíssimos, animados e, o melhor, sempre ou quase sempre acompanhados dos famosos boca livre. O aniversário mais famoso da rua era o do Zeca Bacabal. O cara não bebia mas gostava de ver os amigos saírem bêbados do seu aniversário. Por isso ele acumulava bebida o ano inteiro para servir aos amigos no dia 1.o de janeiro.

Não esqueço jamais os da casa de dona Inês e seu Rosel, pais da Socorro e da Rosário Costa, e avós do saudoso Lambari. Enquanto na radiola, rodava uma bolacha de vinil de Gilberto Gil, tocando ...”Toda menina baiana tem um santo, que Deus dá”..., nós nos deliciávamos com arroz à grega, torta de camarão e outras delícias, que Deus deu e que Deus dá e continuará dando ao Codozinho, em festas animadas, animadas e animadas, para todo o sempre...

Obrigado por comentar.

6 comentários:

Preto cunha disse...

Porque Tanto Amor?
So quem nasceu, se criou e viveu uma vida nocodozinho, é que pode saber PORQUE TANTO AMOR.
Eu, Cabeça, Bacabal, João Kim, Marinalva de Bibi, Maria bacabal, depois veio a era Chico b ahia, vc que veio Morar no Codozinho e viveu tudo isso que vc narrou, Feliz foi toado aquele ou aquela que viveu essa epoca de Ouro do Codozinho.
Quando sair do codozinho para seguir a carreira Militar na Marinha de Guerra deixei o bloco os INTOCAVEIS o qual eu e Zeca Pilú fomos os fundadores, quando comecei a voltar para os caranavais encontrei a Tuma do saco me apaixonei e passei a fgazer parte de tudo isso que vc conta nas sua Hestorias ou Histórias.
Meu amigo Prego sei que ainda tens muito que falar do codozinho, vamos nos reunir mais vezes para reviver os bons momentos do Codozinho pára mostramos PORQUE TANTO AMOR.
um grande abraço do Preto Cunha

joao rabelo neto disse...

JOAO FILHO DE MESSIAS PERUZA.
Porque tanto amor. lembrar de meus avós, Serrote, Seu Antonio Barbeiro, Seu Antonio da Oficina, Dona Zeze, Seu Walter, Pai Homorato, Joana Pitó, meu grande maestro Ze Pito e que por ironia do destino nao foi meu pai, Dona Erminia a fanilia Bacabal, Seu Almir e familia, Dona Mocinha, Dona Doli minha madrinha Marinalva, e sua famlia, Donna Erminia, Maria Bacabal e seus demais irmão ,familia Furnier com Heleno e seus irmãos, sao tantas as lembranças que este cantinho de recordação, SOR CODO DE CIMA E MUITO ME ORGULHO DE LA TER NASCIDO.

baia disse...

Queem viveu no codoainho cmo nos, que vivemos e vivenciamos tudos os momentos fantasticos, e que podemos dizer: POR TANTO AMOR. e por falar em seresta meu caro, vc nem stava ainda conosco, nos visitavamosruas tantas, nas ruas nuas, a cantar nossos amores que nos recebiam com flores e as vezes com farofa gostosa, pra bastecer nossas cançoes famintas de amar tanto. Eu,Costa, Willian Kleper Cesar, Benedito, Deco e outros. Me lembro de uma passagem super hilaria. Tinhamos saido da radio educadora, onde faziamos, ou melhor ajudavamos, com leitura de nossas poesias, e partimos em direção ao Hospital Geral(prox), la eu, tinha uma namorada, e qdo. ja stavamos prontinhos pra cantar, surgi um camionete rural, cheia de policiais. Aquele avoroço. Os caras nos colocaram de rrosto pra parede, mandou que abrissemos as pernas, e tome perguntas: cade a maconha? Willlian, branco, e vermelhor de nascença, era o mais visado, depois de uma minuciosa, vistoria, o delegado nos pediu desculpas, nos solicitou o violao que por sua vez stava calado, senao entrava tambem no braço, e cantou GRANADA!!!!! E MOLE,o cara
tinha uma boa voz!!!!!!Nos arrmates final, eu, perdi a namorada, e ganhei um inimigo, o pai dela. mas, entre mortos e vivos todos sairam ilesos. vou mandar outra pra ti meu caro preguinho.

baia disse...

Meu caro Luiz, (prego) estou te mandando uma poesia dos tempos que me abrigava, no nosso codozinho amado; Fiz pra uma jovem que tambem morava la, exatamente, onde morou Gordo, te lembra?o nome dela era Joaquina, que Deus ja chamou pra si.
PENA
De nos dois,
eu sinto que sou mais feliz,
e não minto, morro só, mais faço,
enquanto tu, morres mais do que
eu, de braço em braço.

Quiz te odiar não pude,
quiz te amar mais, evitei,
então bendisse aos ceus por
me ter sido rude,
e pelos momentos que'eu
mais te amei.
Sei que para o porvir,
a verdade me virá santa e crua,
como sei tambem que minha'alma
será sempre tua.
Francisco Baia (Chico Baia)

Preto Cunha disse...

Grande Chiquinho Baia
Vc sempre teve e tem a alma de poeta./Um grande abraço de Preto Kunha

silva disse...

fiko feliz pq stamos juntos mesmo que seja pela net.Precisamos nos reunir pra planejarmos alguma coisa com a cara nossa. Vamos entrar em contato co os outros e ver uma dat boa pra essa reuniao.; amos molhar com um pingo d'água o incendio da floresta, cada fazendo sua parte, essa reuniao vai acontecer. abraços fraternais.