Justamente agora, quando a longevidade saudável se impõe como disciplina da medicina, da maior importância, me ocorre pensar nessa questão de reposição em humanos daquilo que se esvaiu com o tempo, ou melhor, com o uso, às vezes, abuso, no tempo.
A medicina, com o seu olhar clínico, vislumbrou, de forma categórica, que algumas doenças que nos ocorrem após a quarta ou quinta década de existência, derivam não das causas que aparentam, mas das perdas de determinadas substâncias, que na maioria das vezes a própria medicina sequer as percebe. Refiro-me as perdas hormonais, por exemplo.
As observações mais recentes, ao detectarem e correlacionarem o aparecimento de algumas doenças a escassez dessas substâncias, cuidou, efetivamente, de criar exames apropriados à verificação da quantidade e da qualidade dessas substâncias no organismo humano. Dizem os médicos, que não se trata da descoberta do elixir da longa vida, entretanto, abre-se, com essa nova janela da medicina, a possibilidade de as pessoas envelhecerem de modo saudável, o que significaria viver prazerosamente, sem se abster do gozo da vida.
Concomitante à disciplina longevidade saudável, a medicina avança à velocidade da luz e com inegável competência na prática de transplante de órgãos. Tamanha é a velocidade dos avanços nessa área que a nanotecnologia se dedica, num esforço sobre-humano no afã da criação e da multiplicação de tecidos primários (diga-se com ênfase que esse termo aqui empregado não tem qualquer pretensão conceitual), que possam substituir tecidos, digamos assim, obsoletos em órgãos vitais com avarias ou deteriorações irreparáveis pelos métodos mais tradicionais.
Por vias das evidências convergentes, podemos perceber que a medicina ao cuidar da máquina humana, segue ou persegue, mantida as devidas distinções, a mesma trilha da mecânica das máquinas. Com muitos êxitos, até aqui irrefutáveis. Também, por essa mesma perspectiva evidenciamos que a máquina humana e suas respectivas peças orgânicas possuem tempo de validade variável de pessoa para pessoa, de peça/órgão para órgão, de acordo com o uso ou abuso que cada pessoa imprime a si.
Detenho-me a imaginar a nanotecnologia voltada à medicina com os seus objetivos totalmente alcançados, o que resultaria no alcance das possibilidades da substituição de tecidos obsoletos por aqueles provenientes da multiplicação exitosa de tecidos humanos, ou dos ditos sintéticos. Órgãos humanos deteriorados sendo substituídos por outros criados em laboratórios e, ainda, por aqueles resultantes das doações.
Restaria-nos, a partir de então, saber, de acordo com as convenções da medicina, quais seriam os órgãos ou tecidos originais: os derivados dos seres humanos, ou os criados em laboratório? Uma questão a ser definida em um futuro próximo. Da mesma maneira, pensando na forma intimidosa que o brasileiro costuma tratar tudo que se torna corriqueiro, imaginemos dois transplantados conversando. Um perguntando ao outro: - Sabia que eu troquei de coração?
O outro responde: - É verdade? Quando? Colocou um peba (pirata) ou um original?
- Olha o meu é seminovo, do bom e tem garantia de longevidade dada pelo médico.
- Ah, tá certo. Eu também troquei, ou melhor, fui forçado a trocar o meu. Tava dando muito problema e eu soube que os da marca HEART, norte-americana, são de ótima qualidade, por isso eu a preferi. Custa um pouco mais caro, mas é de marca garantida.
Isto mesmo, no mercado os órgãos de marca, os originais e os pebas. Porque se não for assim também não será no Brasil. Dá arrepios pensar num médico brasileiro flamenguista, momentos pré operação, conversando com o seu cliente vascaíno. – Fique tranqüilo, que você vai acordar com um coração rubro-negro no peito... E o paciente responde, - Dr. Você não tá doido fazer uma sandice desta comigo seu fdp.
Brincadeira? Não amigo leitor, é Brasil. Imagine o médico nordestino, de sotaque carregado, consultando um cliente propenso a trocar o rim. – Macho, te acalma que isso é a coisa mais simples hoje. Tu deita aí, eu chamo o anestesista que acunha a anestesia na tua costa e eu num instantin te decepo esse rim velho e te coloco o novin da silva.
Enfim, são os progressos da medicina. Enquanto ela, a medicina, evolui nada nos custa imaginá-la brasileiríssima em seus triunfos. Afinal, pensar não custa nada.
Obrigado por comentar.
Um comentário:
Ha de se convir, que todas essas doenças descobertas agora e as que estão por a ser descoberta. Jaexistiam, só que ha 50 anos atras dizia-se. Fulano morreu!, Morreu de ?, morreu de mal.
Doenças que não se sabia os nomes, mas ja existiam, hoje elas tem nomes.
Imagine a felicidade de um Vascaino amnhecer com um corção RUBRO NEGRO............
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