Foi dada a largada. Os partidos
fizeram as suas convenções municipais, as coligações os conchavos, as coalizões
estão consolidados e o povão já está discutindo: “este é bom, aquele é ruim”,
“este é orgulhoso, aquele é popular”, “este fala com a gente, aquele não”, ou
ainda, “fulano ganha porque tem dinheiro”, “fulano perde por causa das suas
ligações”.
Para variar, a disputa política
no interior do Brasil, quase sempre está polarizada numa disputar entre
famílias tradicionais. Pessoas que, de modo geral são adeptas do
patrimonialismo de que fala o autor Sérgio Buarque de Holanda, no seu famoso
livro Raízes do Brasil, um clássico sobre a formação do povo brasileiro.
No âmbito municipal, as pessoas
tratam a política como se fora algo pessoal, tão pessoal que mesmo quando
abordada como uma ação coletiva, o coletivo torna-se simplesmente algo
estritamente grupal, ou seja, todo discurso dá-se em torno de grupos
majoritários que polarizam a disputa. Esses grupos, uma vez de posse ao poder
executam a política que bem entendem e, de modo geral tratam a coisa pública
como se fizesse parte dos seus patrimônios pessoais.
Nos palanques, os discursos são
menos propositivos e mais desqualificativos, ou qualifcativos, de acordo com
quem o faz e do lado para o qual aponta com elogios ou insultos. Isto é uma
regra? Não. Esta é uma prática imutável? Também não. O povo gosta dessa
prática? Não. Os políticos estão propensos a mudar essa prática? Sim, basta que
a sociedade, por meio das suas organizações passe a cobrar dos políticos
atitudes nesse sentido.
No tocante a disputa política em
Santa Inês, duas perguntas podem contribuir para um debate político civilizado
em torno desta terra. A primeira: O que é Santa Inês hoje? O que pretendemos
que Santa Inês seja no futuro? Ora, essas perguntas são geradoras de inúmeras
outras que estão intimamente relacionadas. O que pretendemos para a cidade no
que diz respeito a emprego e renda? Que futuro os políticos pensam para a
juventude? O que pensam em termos de segurança, saúde, previdência, educação,
saneamento básico (esgoto e lixo, principalmente), meio ambiente, cultura?
O exercício da cidadania nos obriga
a dirigir estas perguntas aos políticos locais, principalmente os postulantes
da chefia do executivo municipal. É essencialmente, a partir do programa
político e da história de vida de cada um deles que o eleitor deverá nortear o
seu voto.
Este é o momento da sociedade organizada promover
eventos em que cada um dos postulantes ao cargo de prefeito municipal fale sobre o projeto
político que tem para a cidade, especificamente, nos planos econômico, social,
ambiental e cultural. É a partir da proposta de hoje que se erguerá a
administração de amanhã. Se não se comprometerem agora com um programa político
de governo, no futuro administrarão de acordo com a própria vontade, sem
qualquer participação do povo. Ë alicerçado no discurso de hoje que serão
feitas as cobranças de amanhã. Entretanto, se esse discurso for vazio, evasivo,
baseado puramente na distinção inferiorizante dos adversários, nada sobrará que
se aproveite para alavancar o desenvolvimento do município.
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