Desta vez são os estados do
Espírito Santo e Minas Gerais com municípios submersos, com suas ruas
inundadas, comunidades inteiras desabrigadas, milhares de famílias abrigadas em
escolas, igrejas, clubes e outros prédios de uso coletivo. Governos estaduais e
municipais habilmente declaram estado de calamidade pública. A presidente Dilma
foi rápida na resposta, criou um cartão de crédito destinado às despesas
imediatas para a recuperação dos municípios atingidos.
Até aí, da parte das autoridades
brasileiras, nada errado. São irmãos brasileiros atingidos mais uma vez por uma
catástrofe natural e, por isso, são merecedores de toda nossa solidariedade.
Afinal, todos estamos, de alguma forma, sujeitos a este tipo de acidente, ainda
mais quando se trata de algo que se repete país a dentro, ano após ano e nós
não procuramos tirar qualquer lição dos erros que implicam a ação humana que de
alguma forma colabora para que esses desastres se repitam cada vez mais
intensos no que respeita ao poder de destruição que eles têm.
Maranhão, Rio de Janeiro, os
estados nordestinos que compõem o chamado polígono das secas e tantos outros
mais, já sofreram os efeitos desastrosos das intensas chuvas de final e de
começo de ano. Lembram-se da música que Fagner e outros cantores cantaram
falando sobre a “seca d’água” no ano que o Nordeste brasileiro, sempre atacado
pelas secas, sofreu os efeitos das intensas chuvas cujos resultados foram tão
ou mais desastrosos que a seca, uma vez que as chuvas caíram numa intensidade
tamanha, num curto espaço de tempo, tendo um efeito arrasador de modo que em
nada beneficiou aquela região historicamente tão marcada pelos efeitos das
secas?
Fala-se que Euclides da Cunha
antes de viajar para cobrir a guerra de Canudos, passou no Ceará e ali leu tudo
sobre a escassez de chuvas no Nordeste, leu todos os discursos do senador
Pompeu a respeito do assunto. Na Bahia, ele teve acesso às informações
meteorológicas existentes na época e estudou o que havia de mais atual sobre a
antropologia do povo nordestino, com o qual ele ficou tão impressionado que o
tratou em seus escritos como se fosse verdadeira etnia. É certo que desde
sempre se tem informações técnicas sobre as causas e os efeitos das secas e, o
mesmo se pode dizer das inundações provenientes das fortes chuvas que caem de
dezembro a abril nas diversas regiões do país. Também não podemos negar o
esforço técnico de bons brasileiros engendrando as mais diversas alternativas
de combate à seca e, isto também é verdadeiro quando nos referimos às
inundações.
Os recursos alocados para
combater a seca no Nordeste e as inundações nas diversas partes do país não são
poucos, contudo, o mesmo não se pode dizer do montante que, de fato, chegou ao
seu destino. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária do semiárido ao
longo dos anos tem contribuído bastante, disponibilizando tecnologias que
amenizam os efeitos da seca nessa região. Universidades e ONG’s também têm
realizado pesquisas e experiências nesse sentido. O que falta mesmo é a
honestidade para que as autoridades destinem a totalidade dos recursos
dirigidos ao combate das catástrofes naturais nas ações demandadas pelas áreas
atingidas. Que sejam verdadeiramente empregados nas ações imediatas e naquelas
de médio e longo prazo cujos efeitos também são mais duradouros.
Precisamos nos espelhar no exemplo do Japão,
apesar de termos experiência de sobra com os problemas que nos afligem. E, pelo
tempo que os sofremos, se empregarmos honestamente os recursos que temos
disponíveis para tanto (financeiros, tecnológicos, humanos), não tenho dúvidas
que esse país, mais do que nunca, se tornará um exemplo universal a ser
seguido. Acredito muito no meu país, tenho a esperança que o efeito Joaquim
Barbosa haverá de inibir a prática de patrimonialismo dos recursos públicos,
para que os irmãos atingidos pelas catástrofes naturais sejam devidamente
atendidos e tenham as suas vidas restauradas, apesar de todas as perdas que
experimentaram.
Obrigado por comentar.
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