sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Gol de Dida!

Ainda sob a ressaca do Natal entro na internet e está lá “Inter chega a acordo e tira Dida do arquirrival Grêmio”. Mas, o que aqui interessa não é a rivalidade existente entre o Inter e o Grêmio, não é o salário que o Dida irá receber, nada disso. O que a reportagem destaca é a idade do Dida, 40 anos. O currículo ou a ficha técnica do Dida também não é algo que dá para passar despercebido, ao contrário, o goleiro tem uma história de vida invejável, coisa de craque.
No futebol é raro um jogador chegar aos 40 anos jogando em alto nível, até porque há entre eles uma postura ditada por um tácito código de conduta consuetudinário, que diz ser melhor deixar os gramados quando ainda se está jogando bem, pois assim a imagem que fica para os torcedores é a do craque bem sucedido, que deixou o futebol jogando um bolão; caso contrário, a lembrança será a do jogador decadente que persiste em jogar, contudo os clubes já não lhe abrem mais as portas para o exercício da profissão, daí a aposentadoria compulsória.
O caso Dida não é único na história do futebol brasileiro. Manga, um dos maiores goleiros que o Brasil já teve, jogou muita bola até essa idade que no futebol brasileiro chega a ser considerada um absurdo. Dida voltou da Europa e jogou uma temporada na Portuguesa de Desportos, mas, logo em seguida foi para o futebol gaúcho jogar no Grêmio. Ali fez uma temporada razoável e agora muda-se de malas e cuia para jogar no maior rival do Grêmio, o Internacional.
Dida é um jogador brasileiro bem sucedido. Comedido, nunca se envolveu com o modismo espalhafatoso, não procura chamar a atenção da mídia pelo corte do cabelo ou pelo carro internacional caríssimo. Ao contrário, calmo, quase sisudo, passaria até despercebido, não fosse a sua qualidade de grande goleiro.
Para além de tudo que já foi dito aqui, Dida não está numa condição financeira ruim, querendo caçar níquel em qualquer clube de futebol. Dida quer jogar e jogar bem. Sabe da responsabilidade que tem um profissional que joga na posição que ele joga. Sabe que o exercício da profissão exige que o goleiro tenha bom reflexo e uma elasticidade felina. Por isso, a ele, o goleiro, é dispensada atenção especial, o que implica em treinamento árduo, intenso, específico, duro. Entretanto, mesmo assim o craque insiste em permanecer na ativa. Por quê? Porque Dida, sobretudo, ainda tem condições física, psicológica, emocional para continuar defendendo grandes clubes de futebol, em alta performance. Eis no que consiste o gol de Dida. Sem qualquer pretensão ou necessidade, Dida dá a sua contribuição para quebrar esse tabu que dita que a carreira de um jogador acaba com o limite da idade (32 até 36 anos). Dida com o seu magnífico gesto vem nos mostrar que o que determina o exercício de uma profissão não é necessariamente a idade, mas a sua condição física e, ou intelectual para exercê-la e, claro, o seu tesão para enfrentar a rotina diária de um profissional, que no caso dele são treinos, concentração, viagens, jogos, intensa cobrança de resultados da parte da torcida, técnicos e dos dirigentes dos clubes.
Não sou torcedor do Grêmio, nem do Internacional, aliás, o único time que o Dida jogou que eu torço é a seleção brasileira. Todavia, confesso que no momento, pelo feito, eu desejo muito sucesso ao Dida pelo golaço que ele faz ao exercer a sua profissão com condição, responsabilidade, serenidade, entre outras qualidades que lhes são próprias. Salve Dida! Golaço!

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