Incrível
como tanta coisa na minha vida se relaciona com a Mocidade Independente Turma
do Saco, a MITS, como gostávamos de chamar. De todas, a música é a mais originalmente influenciada
pela minha inserção nesse bloco organizado da Ilha de São Luís, que há mais de
27 anos eu estou afastado fisicamente, mas que carrego na minha mente para a
vida inteira.
Como
quase tudo que se fazia na Turma do Saco o nosso amigo Zeca Pilu tinha algum
tipo de culpa, com a influência que a música tem na minha vida, não é
diferente.
Tudo
começou quando eu fiz um samba para o ritmo de bloco tradicional e, durante um
dos nossos papos na calçada da minha casa, eu mostrei para os amigos e, de
pronto, Henrique Pilu pegou o papel da minha mão e disse: vou levar para dona
Zelinda Lima, e explicou: - agora a Maratur está exigindo que cada bloco
organizado tenha um samba. E, sacudindo o papel, ele concluiu, “este vai ser o
samba da Turma do Saco”. E sem dar tempo para qualquer reação, Henrique já foi
saindo rumo a casa dele dizendo que ia se aprontar para entregar o samba.
Pronto,
Henrique disse, estava dito. Ele era presidente da Turma do Saco e, naquela
ocasião ninguém se manifestou contrário a sua atitude. Depois disso, nos
ensaios do bloco, passamos a cantar o samba e desde então eu passei a sentir-me
credenciado a compor o samba para o próximo ano e, assim foi por muito tempo.
Tudo
que eu fazia nós cantávamos nas nossas rodas de samba e isso contribuiu para
incrementar o meu gosto pela composição.
De
1974 até aqui muita água já passou por baixo da ponte, muita coisa já mudou na
minha vida. Naquele tempo eu tinha apenas quase 17 anos, hoje eu já estou com
quase 55 anos de hestória. Quanta hestória! De lá pra cá muitas músicas
emergiram por vários motivos. Muitas delas surgiram para motivar a minha vida,
criar hestória.
Agora,
depois de 38 anos de sambas e canções de outros gêneros musicais, eu
interroguei-me sobre o que fazer com todo o acervo musical que eu fiz. Daí
ocorreu-me fazer um projeto que permitisse a publicação de, pelo menos, uma
parte, diante da impossibilidade da publicação fonográfica de tudo.
Creiam,
nesse projeto sinto-me influenciado pelo que aconteceu com o meu tio e padrinho
Joaquim Paz de Linhares, o Careca. Ele foi fundador da Turma do Quinto e compôs
vários sambas enquanto morou no bairro da Madre Deus. Depois foi trabalhar em
Rosário, onde era chefe da Rede Ferroviária Federal S. A. – REFESA, e desde
então, o compositor foi esquecido. Como as músicas do meu tio não foram
escritas, nem gravadas, foram esquecidas, perdidas e hoje tudo que o lembra com
relação à música é um samba que ficou na memória oral da escola de samba Turma
do Quinto, que diz: “Salve, salve a nossa escola de samba/escola que o Quinto
criou”... Particularmente, sinto falta de tudo que foi perdido e que eu sequer
cheguei a conhecer, porque tudo o que ele fez é parte da história da minha
família e, desta, ele foi um expoente.
Lembro-me
da minha mãe cantando, enquanto esfregava roupa no banco de lavar, canções da
Madre Deus, ou que por lá eram cantadas: sambas, versos dedicados ao Divino
Espírito Santo, sambas de rodas que tinham um misto de doutrinas de umbanda, toadas
de bumba-meu-boi, cantigas do baralho. Eu a admirava e de vez em quando ela
contava uma história relacionada a uma música. Mas nada do que ela cantava ou
contava ficou registrado.
Não
desejo que tudo que fiz seja tragado pelo tempo sem qualquer registro. Por
isso, tenho escrito a maioria das músicas que fiz. Muitas não passam de letras,
pois eu esqueci suas respectivas melodias, entretanto, lembro da melodia da
maioria e as tenho escritas e guardadas na memória do meu computador.
Como
todos podem observar, este é um projeto para além de pessoal. Desejo que as
gerações futuras saibam que em Rosário nasceu um Luiz Fernando, filho de uma
mulher conhecida pelo nome de Joana Palitó, que um dia migrou para São Luís e
ali participou da fundação de uma entidade carnavalesca chamada Turma do Saco,
que desfila até nossos dias nos carnavais da ilha e possui muitos títulos de campeã
da categoria bloco organizado. Que dentre tantas músicas que eu compus, muitos
sambas foram feitos especialmente para o bloco.
Com
este projeto não procuro visibilidade pessoal, mas visibilidade de um acervo
cultural que transcende a minha história pessoal e faz parte da história social
de um bloco carnavalesco, de um bairro que me acolheu em determinada época da
minha vida.
Estou
chamando este projeto de “Luiz Fernando, 40 anos de música” e o estou
executando paulatinamente. Mas, percebi que a execução de um projeto desta
estirpe não é fácil para uma só pessoa fazer. Na verdade, não se faz um projeto
deste sozinho, porque a sua natureza envolve músicos, estúdio, direção musical,
direção de produção e muitas outras ações que implicam em custos quase sempre
elevados.
Por isto estou procurando parcerias para o
financiamento da execução deste projeto. Se alguém que visitar este blog puder
ajudar de alguma forma na realização deste projeto, por obséquio, entre em
contato comigo. Toda ajuda será bem-vinda.Obrigado por comentar.
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