Luiz Fernando do Rosário Linhares[i]
Nestes tempos de mudanças
constantes temos que estar atentos a todo o momento, como fala o compositor
Paulinho da Viola, na sua linda música Rumo dos ventos, “A toda hora rola uma história que é preciso
estar atento/A todo instante rola um movimento que muda o rumo dos ventos”.
Hoje, na era da informação, as histórias fluem de maneira tão intensa e numa
velocidade tamanha, que se não estivermos atentos ficaremos à margem dos
acontecimentos. Pior: sucumbiremos a eles.
Profissionalmente não é
diferente, o que fazemos hoje é visto, lido, apreciado, consumido
instantaneamente. Como numa partida de basquete, não temos muito tempo para
comemorar o ponto que se converte, a velocidade da informação nos empurra de
volta ao campo da criação, para onde devemos retornar à busca constante de
novos conhecimentos que nos leve à geração de novos fatos profissionalmente
positivos.
Veja na música, por exemplo. A
cada quinze minutos a mídia apresenta um sucesso, ou um pseudossucesso. Aí
entra em cena um cantor desconhecido que vai estar em todos os programas de
televisão cantando, de modo geral, uma música de letra fútil e melodia
escrachada, pouco criativa, mas que está na boca do povo. Surfa na onda: vende
discos, apresenta-se na televisão, faz shows, ganha algum dinheiro e
desaparece, não raras vezes, para sempre.
A aparição do artista, a
superexposição na mídia o deixa acostumado e, quando a mídia não lhe permite
mais o espaço de outrora ele/a cai em depressão, se afoga em drogas, bebidas,
acaba a festa. Poucos lhe procuram; o campo de trabalho míngua, as
oportunidades escasseiam. É a hora de respirar, voltar ao campo da criação, da
renovação e procurar reinventar-se, mas, algumas das vezes as pessoas, ao invés
de aproveitarem o momento para dar descanso à mente e devolvê-la o poder
criativo, tornam-se refém do sucesso a qualquer preço e uns até se expõem ao
ridículo.
Com os profissionais anônimos, a
coisa não é tão diferente. Apesar de não estarem sujeitos a superexposição, são
da mesma forma exigidos pelas empresas para as quais trabalham que produzam
como máquinas. Quem trabalha com vendas sabe disso, quanto mais vende, mais lhe
exigem que venda. São metas e metas e metas a bater, num mercado
supercompetitivo, onde se convive, muitas vezes, com concorrentes de superior
competitividade. Mas, no mercado há espaço para todo mundo. Acredito.
Um profissional brilhante no ano
passado pode perder espaço neste ano para um novo profissional que surge na
empresa. Isto é normal, embora as pessoas não o aceitem facilmente. Todos
querem estar no pódio sempre. Por esta razão poucos se permitem correr risco,
sair da chamada zona de conforto. Conquistam uma posição dentro de uma área que
dominam e não querem mais sair dali. Ir para outra área significa
disponibilizar tempo para aprender coisas novas, correr risco e ao mesmo tempo
produzir. Eis a mudança, coisa que mete medo até mesmo aos mais competentes
profissionais. Mudança mais que uma palavra é uma situação cheia de sentidos que
exige dos profissionais plasticidade suficiente para adequar-se a ela. Aqui
reside a razão pela qual muitos abdicam até mesmo da ascensão profissional –
mudanças, ou o medo de mudarem.
Hoje eu ouvi uma frase de um
diretor de futebol, que dizia, referindo-se a um jogador brasileiro
internacionalmente famoso, mas que no momento atravessa uma fase delicada:
“Aqui não se trabalha com o nome”. Traduzindo: para ele , o que o famoso
jogador fez no passado passou, o que interessa são os resultados que ele porventura
apresentasse dali para diante, conforme o interesse do clube. Lembrem-se, o
clube é uma empresa e o jogador é um funcionário, um servidor, um fornecedor de
resultados. Não dá resultado, vai embora.
No mundo em que vivemos, ao que tudo
indica, não há da parte da empresa muita paciência para esperar aqueles/as que
passam por má fase. Se são bons, se deram resultados no passado, dane-se, para
algumas empresas o que interessa é o aqui e agora. É o rolo compressor do
mercado passando por sobre a história de cada um.
Diante dessa situação é que se
deve ter mais calma. É evidente a necessidade de se planejar, traçar objetivos
factíveis nos traz a firmeza e a serenidade nos momentos difíceis, simplesmente
porque quem assim o faz sabe exatamente onde deseja chegar. Os tropeços, os
erros, as derrotas eventuais, são eventos passageiros, creiam. O que não se
pode é abrir mão de um projeto que exige de si mesmo a constante alimentação do
saber profissional.
Portanto, o que pode parecer uma
má fase para outro profissional, para os que se planejam constitui um tempo que
foi reservado ao aprendizado, à higiene mental, às viagens de conhecimento e
autoconhecimento, ao descanso, à diversão, à reinvenção de si, o que lhe
permitirá atuar no seu espaço profissional de forma competente, e ativamente
cônscio.
A reinvenção pessoal passa por um
desprendimento do profissional, um momento no âmbito do qual você deve se
desligar totalmente daquilo que fez em seu trabalho durante o ano. Momento em
que você deve experimentar o diferente. Viajar para lugares desconhecidos,
conviver com pessoas diferentes, ler um novo livro, escrever, assistir filmes
diversos, assistir espetáculos teatrais, esportivos, circenses, musicais.
Abrir-se a novas experiências pode ajudar profissionalmente. Dar vazão a
potenciais que você tem para além do que faz profissionalmente no seu
cotidiano, pode, indiretamente, lhe acrescentar saberes, criatividade e
dinamismo para o exercício da sua vida profissional.
Ah, não esqueça, inicie suas atividades sempre
pelo planejamento. Cuidado com o ativismo sem objetividade. Lembre-se, quem não
sabe onde deseja chegar não chegará a lugar nenhum. Portanto, quando começar as
suas atividades, defina bem os seus objetivo e a estratégia para alcançá-los siga em frente.
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