Luiz Fernando do Rosário Linhares[1]
Se é verdade que o Brasil
de hoje ainda há muitos traumas dos vinte e tantos anos de ditadura militar,
também é verdade que ainda encontramos por aqui cacoetes de um socialismo
utópico e ingenuamente pensado, mas sempre com desastrosas consequências.
Em governos passados
observava-se uma mentalidade que pensava na homogeneização do país. Assim,
formatavam programas que tendiam a tratar as diversas regiões como se fossem
iguais, como se não tivessem peculiaridades que as diferenciassem entre si.
Nesse sentido, foram
criados sob o signo de um planejamento centralizado sistemas de empresas
nacionais, como Ceasa (Centrais de Abastecimento S. A.), Embrater, que
congregava as empresas brasileiras de assistência técnica – Embrater, a Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), entre outras experiências.
Curiosamente, dentre
essas instituições, aquelas que foram reformatadas, acolhidas pelos governos
estaduais e adaptadas as peculiaridades das suas respectivas regiões,
sobreviveram. As demais sucumbiram, ou vivem em inanição.
Anterior a essa
experiência, temos o exemplo da previdência. Antes do Instituto Nacional de
Previdência Social – INPS, hoje, Instituto Nacional de Seguro Social – INSS,
toda instituição pública ou empresa privada possuía a sua caixa de pensão, ou
seja, sua previdência particular, que funcionava muito bem e era, inclusive,
objeto de fortalecimento das diversas categorias profissionais.
Com a criação do INSS,
todos nós já sabemos o que aconteceu - as coisas pioraram. Os trabalhadores
estão a cada dia menos assistidos e o governo após anos seguidos de contínua
corrupção e malversação do dinheiro público, reclama de déficit na previdência
e, como se fosse pouco punir o trabalhador brasileiro com corrupção e
impunidade aos corruptos, o culpa pelo rombo na previdência.
O cenário hodierno mostra
que a lição não foi aprendida, todos sabem que este é um país de dimensão
continental, com regiões distintas, cada qual com as suas especificidades,
entretanto, ainda há aqueles que insistem em tratá-lo como um pedaço de terra
homogêneo.
Provavelmente, imbuído do
mesmo pensamento que movia outros governos passados, o governo Lula veio
ressuscitar uma fórmula natimorta, agora com a criação do Exame Nacional do
Ensino Médio, Enem.
O Enem surgiu de uma
demanda inexistente, uma dessas criações “inovadoras” surgidas unilateralmente
da ideia de tecnocratas do governo, a partir de pressupostos de duvidosa
consistência. Deu no que deu, provas flagrantemente roubadas e comercializadas;
brigas na justiça, que partem de demandas de alunos que se viram prejudicados
pelas lambanças presentes na execução do Enem. O Enem é mais um desses projetos
que todos sabem que não dará certo, mas, alguns insistem em preservá-lo em nome
e prejuízo da maioria.
Ainda bem que a
insensatez não foi uma unanimidade, a Universidade de Brasília (UnB), a USP não
consentiram expor os alunos demandantes de vagas nas suas faculdades aos
desmandos do Enem. Isto prova que a insensatez do Enem não grassa em todo o
país, resta-nos alguns nichos de sensatez.
Obrigado por comentar.
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