Certa vez, conversavam a Manhã e a Tarde:
- Manhã, o que há com você?
- Como assim?
- Ah, de uns tempos pra cá
te sinto mais morna. Antes tu tinhas uma luz mais intensa.
- Intensa?
- Sim, mais intensa. A tua
luz parecia mais luminosa, nos contagiava. O sol parecia brilhar mais pra ti do
que para os outros. Agora, quando te encontramos vemos a tua luz um tanto
embaçada, que te deixa quase que triste, sisuda, um tanto sorumbática, embora
se saiba que o sol ainda brilha pra ti na mesma intensidade de antes.
- Ah, sim agora eu entendo.
De alguma forma, Tarde, você tem razão. Eu explico. Antes a minha luz parecia
mais intensa, porque a minha sombra também era intensa. Ou seja, luz e sombra
são partes imprescindíveis de mim, mas a minha sombra morreu.
- Como?
- É isso mesmo que
você ouviu, perdi uma parte mim muito importante – a minha sombra. Daí o
contraste entre luz e sombra acabou. A minha luz, embora ainda muito intensa,
perdeu o contraste que lhe emprestava mais visibilidade e isso fazia de mim uma
manhã mais alegre, mais segura, mais sorridente e contagiante. Como você pode
perceber, por trás da serenidade da sombra estava a fonte da minha
visibilidade, porque em mim sombra e luz se complementam e, com a perda da
sombra, agora sou metade. Enfim, perdi o contraste que fazia a minha luz
parecer ter mais luminosidade. Obrigado por comentar.
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