Depois
da atuação do ministro Joaquim Barbosa na relatoria do julgamento do mensalão, a
população brasileira se encheu de esperança com a certeza de que estamos
vivendo um novo tempo. Pensamos: agora, não só bandidos pobres podem ser presos no
Brasil, mas também bandidos ricos, de colarinho branco, deputados, executivos
do alto escalão do governo, dentre outros amigos do rei.
A
condenação dos envolvidos foi muito bem recebida pelos brasileiros e rendeu
muita popularidade ao ministro Joaquim Barbosa, que se destacou diante dos seus
pares pela coragem, integridade moral e pela competência.
Mas,
apesar do julgamento e da condenação dos réus, o processo parece um filme cujo
roteiro remete a um final feliz para os infratores. Cabe uma infinidade de
recursos e, agora, esses recursos começam a ser bem sucedidos, anulando
condenações, desconsiderando pareceres, destratando da competência, da
seriedade, colocando em dúvida a integridade moral dos ministros que emitiram relatórios
favoráveis à condenação dos acusados.
Não
se trata de uma prática nova, a desconstrução da moral, da competência, da
seriedade e da esperança: é um processo que a elite do país tem lançado mão
para colocar em dúvida, ou mesmo desacreditar autoridades que no exercício da
sua função expõem ao público e submete aos rigores da lei os chamados bandidos
do colarinho branco, ou seja, aqueles que na revolução dos bichos acham que são
“mais iguais”.
Recentemente,
o então delegado da polícia federal, Protógenes Queiroz foi vítima de um
processo de desconstrução da moral, da competência, da seriedade e da esperança,
quando ele chefiou a Operação Setiagraha, com o objetivo de combater o desvio
de verbas públicas, a corrupção e a lavagem de dinheiro. O referido
delegado fez uma investigação séria, competente e eficaz, desmantelando um
esquema e expondo vários figurões que estavam por trás de tudo. Os brasileiros
comuns vibraram com a possibilidade de ver os “mais iguais” infratores atrás
das grades. Mas nem demorou muito, desceu sobre os ombros do delegado
Protógenes Queiroz uma avalanche de acusações, dossiês e dúvidas criadas com o
fito de lhe desacreditar diante da opinião pública. Alie-se a tudo isto o
isolamento político e até mesmo corporativo.
O fato está se repetindo com o ministro Joaquim
Barbosa e, infelizmente, o Brasil não está ligando para os acontecimentos. A
competência, a seriedade e a moral daqueles que no início se posicionaram
corretamente contra a corrupção, tende a ser desacreditada diante dos
resultados do mais recente julgamento. Com isso, a esperança de mudança que
nós, brasileiros comuns, nutrimos, vê-se ameaçada a esvair-se. Obrigado por comentar.
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