segunda-feira, 28 de abril de 2014

O racismo no futebol


O fenômeno não é novo, o próprio Daniel Alves disse que há quatorze anos ele sofre esse tipo de hostilidade nos estádios de futebol europeus. Sempre sofreu calado, na dele, talvez por medo de reagir e sofrer violência mais grave em terras estranhas. Zé Roberto, também sofreu, Neymar e todos outros negros que jogam futebol na Europa ocidental ou oriental. Roberto Carlos um dia saiu de campo, não aguentou a pressão dos racistas europeus.
Na verdade, esses atos todos me irritam muito, não só pelo racismo em si, mas também pela falta de reação dos hostilizados, dos colegas que estavam ao redor deles jogando do mesmo lado ou contra e das federações e confederações de futebol que, praticamente, nada fazem. A mim parece que há uma aceitação tácita dos atos de racismo e é justamente por causa dessa passividade universal que o racismo tem recrudescido.
Desta vez, o nosso Dani Alves, num ato de simplicidade e abominação, com uma fleuma incomum aos indignados, lançou mão à banana e a comeu, sem interromper o seguimento da partida. Os meus respeitos Daniel, reações como essa poucos conseguem numa existência inteira.
Eu pergunto: se algum nazista desses que jogam bananas para os jogadores de futebol negros, brasileiros ou de outra nacionalidade, ousasse fazer um manifesto antissemita num estádio de futebol, o mundo ficaria inerte assistindo, como tem acontecido com os negros? Aposto que não. Tudo mudaria: surgiriam leis mais rígidas no futebol de todo o mundo e a justiça, provavelmente, seria mais severa com aqueles que cometessem esse tipo ação.
O racismo exige uma forte reação social contrária, e essa reação não é direito e dever apenas daqueles que o sofrem, mas de toda a sociedade – brancos, negros, amarelos, verdes, vermelhos, roxos, róseos. Essa indiferença favorece a morte de 40 mil negros por ano nos bairros pobres do Brasil. Essa imobilidade facilita a ação do policial que entra atirando nos bairros das periferias das capitais brasileiras, mata o cidadão e a imprensa sem sequer investigar a origem da pessoa a caracteriza como bandido. E fica assim caracterizado até que os familiares, vizinhos, amigos cheguem e constatem que foi mais um trabalhador brasileiro, negro, morto injustamente e inicie a reação possível que vai desde a destruição do patrimônio público à queima de veículos particulares.
Amigos, a indiferença é uma das maiores violências que a sociedade pode praticar contra os seus filhos mais inseguros, ou vulneráveis e, por isso, ela gera uma onda de violência imensa no bojo da reação dos grupos sociais que se veem prejudicados.
Lembram-se da manicure de Brasília? Se todas as pessoas que estavam no salão não reagissem, a madame racista sairia de lá numa boa, enquanto a manicure apenas chorava pelas ofensas sofridas. Mas não, ali as pessoas reagiram e colocaram a preconceituosa no lugar adequado – a cadeia. Pelo menos nesse caso, veio de Brasília o exemplo maior e melhor do modo como toda e qualquer manifestação de racismo deve ser tratada. Já é hora de todo o Brasil aprender e o mundo seguir o exemplo.


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