Tinha uma vida de
informações armazenadas na memória do meu computador até o dia em que eu achei
que o teclado estava muito sujo e fui limpá-lo. No ato da limpeza,
involuntariamente, liguei e desliguei a máquina várias vezes, foi o suficiente
para acontecer aqueles trecos que chamamos de tilte, ou falamos que a “máquina
deu um pau”. O certo é que nesse movimento a minha máquina desconfigurou-se.
Chamei um técnico e, nada. Mandei para São Luís, na esperança que tecnologias
mais avançadas suprissem a minha necessidade, recuperando as informações
constantes na memória da máquina, porém, não logrei êxito.
Agora, a cada momento que
eu penso em escrever alguma coisa, vem-me a necessidade de recorrer a arquivos,
consultar dados, rever informações, todavia, tudo se esvaiu com um toque
involuntário num botão que liga e desliga a máquina.
Imprevisto? Descuido? Nem
sei. É provável que tudo isso se misture num ato que desencadeou perdas de
informações preciosas, muitas irrecuperáveis. Artigos, escritos vários,
fichamentos de livros, músicas inéditas, poesias, trabalhos profissionais,
currículos, pareceres, projetos, trabalhos profissionais ou acadêmicos,
anotações de campo guardadas com o objetivo de concluir sonhos, trabalhos
próprios inconclusos, letras para músicas que ainda não possuíam melodia,
projetos meus e de outras pessoas ou instituições, uma vida inteira de
informações. Algum/a leitor/a já passou por uma situação como esta. Na minha
vida, é a segunda vez que me vejo numa posição de tamanha impotência.
Sempre que me deparo com
fatos críticos como esse, tento manter a fleuma, como recurso para que eu não
me precipite num desespero. Desesperar seria pior.
Nesse oceano de perdas, nem
tudo é tristeza, descobri que ainda posso contar com tudo que eu compartilhei.
Parece ironia, mas não é. Hoje, tudo que eu tenho de arquivo é, justamente, o
que eu consegui compartilhar com vocês. Assim, como um milagre da internet. De
tudo, restou a lição, a informação mais segura é aquela que se compartilha
(pelo menos neste caso).
Eu deixei de publicar
vários artigos porque tinha medo que alguém deles se apropriasse. Por isso, os
perdi e, tudo que me resta são as coisas que eu escrevi e compartilhei na rede.
A outra lição que
fica, é que quando perdemos algo não sentimos a totalidade da perda num só
instante, no primeiro momento, mas, no seguimento da vida, à proporção que nos
vamos dando conta que em determinados aspectos da nossa existência há uma
lacuna referida às coisas que perdemos e não temos a mínima chance de
recuperar.
Obrigado por comentar.
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