Iniciada a campanha eleitoral de
2014, eu pensava que o melhor candidato para presidente seria o Aécio Neves.
Por que o Aécio seria o melhor candidato? Porque sendo o mais novo, eu julgava
que ele viesse com um discurso mais forte, mais avançado, capaz de arrebatar os
anseios da juventude brasileira. Eu estava enganado, o Aécio Neves desembarcou
no horário eleitoral com um discurso de “eu sou o melhor”, “os melhores estão
do meu lado”, “eu tenho a experiência”, “eu sei fazer”, por isso, todos têm que
votar em mim. Infelizmente, o discurso do Aécio Neves só aditou frustração à
juventude. Fazendo uma analogia com a música, eu diria que Aécio Neves
desembarcou com um discurso maxixe, quando a galera esperava que ele viesse de
rap, ou funk, no mínimo.
Marina Silva, a queridinha do
Brasil, a princípio, submeteu-se aos caprichos do Eduardo Campos, mesmo tendo,
desde o início, é preciso que se lembre, mais popularidade que ele. Mas, a escolha
foi dela. Foi uma vice comportada e moldada aos novos ares pe-essebista.
Modernizou o discurso, contando, inclusive com a ajuda da natureza que ela
defende, pois, a falta de chuvas e consequente falta de água em diversos
estados brasileiros fez com que a elite ruralista ficasse mais aberta ao
discurso de incorporação tecnológica e aumento da produtividade, para evitar o
desmatamento e queimadas contínuos.
Com a morte do Eduardo Campos,
Marina Silva veio como os seus eleitores esperavam, descortinando um mundo de
ansiedade, vontade de ver e ter uma representação mais próxima do povão. Marina
Silva é mulher, negra, nascida em uma família pobre, alfabetizada já na
adolescência, com uma vida de luta contra as injustiças sociais na região Norte
do país - uma história no mínimo respeitável. Um discurso bem organizado, sem
rabos de palha, uma mulher íntegra, uma esperança contra o mar de corrupção que
se fez maré cheia na era Lula.
Dilma Rousseff, apesar de ser uma
mulher íntegra, recebeu uma herança indesejada – a nódoa da corrupção que atravessou
o governo Lula e, ainda atingiu o seu. Enquanto o Lula contou com a competência
dela, para fazer e executar o Plano de Aceleração do Crescimento – PAC, ela
teve um governo de herdeira. Sem um plano de governo definido, herdou os
efeitos da corrupção e os compromissos do governo Lula. Governou o tempo todo
engessada, ora por não poder fazer um discurso condizente com a sua história,
ora pelo companheirismo fisiologista dos seus “aliados” sempre brigando no afã
de saciarem a gula de poder, enquanto o país sucumbe às grandes obras
intermináveis, como a transposição do Rio São Francisco, usinas hidrelétricas e
refinarias, como a de Rosário/Ma, por exemplo, que após gastar um bilhão de
reais com terraplanagem, foi simplesmente abandonada.
Dilma não tem qualquer virtude?
Tem sim. Apesar de tudo, ela sempre manteve a sua firmeza de caráter,
combatendo a corrupção mesmo tendo de enfrentar as adversidades da militância
da facção majoritária do seu partido. Contou com o auxílio virtuoso do Ministro
Joaquim Barbosa para colocar a parte podre do PT na cadeia, embora isso quase
lhe custasse uma aposentadoria precoce engendrada por um “Volta Lula” gritado
como palavra de ordem daqueles saudosos de um sentimento absolutista, cujo corolário
diz que, uma vez no poder eles podem tudo. Dilma resiste e só Deus sabe como.
Dona de uma competência indiscutível, apesar de tudo, coloca sempre os seus
adversários no lado defensivo, tendo, a todo instante que explicar para a
população que não vão acabar com o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida, o
PROUNI e outros projetos sociais criados nos governos do Lula e no dela. Aliás,
os programas sociais executados no governo Dilma foram incorporados ao programa
do Aécio Neves.
Dilma mantem-se fiel aos seus
ideais e, embora muito atacada pelos adversários para que abandone a politica
de bem-estar social que caracteriza o seu governo, ela reluta em adotar um
modelo de desenvolvimento econômico que exclua os segmentos mais carentes da
sociedade brasileira. Dilma sabe que desejam que ela pratique um modelo a muito
levado a cabo pela ditadura militar, que dizia que primeiro era preciso fazer o
bolo crescer para depois então reparti-lo.
A presidente Dilma Rousseff e todos nós sabemos
que eles sempre dividiram o bolo entre eles. Nunca sobrou sequer um pouquinho
do açúcar do confeite para as demais classes sociais. Dilma sabe, sobretudo,
que ela é o bolo da vez, que eles batem, batem, e nós que nunca tivemos vez nem
voz em outros governos, fazemos que ela cresça com os nossos votos.
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