quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Erguendo castelos no ar

A política não é um ramo da engenharia que nos permite construir castelos no ar, ao contrário do que pensa o candidato Aécio Neves. Os fatos nos obrigam a estudar, conhecer a história daqueles que se propõem a assumir cargos políticos, ou mesmo, a se candidatarem a estes.
Acabo de assistir o debate no SBT entre a presidente Dilma Rousseff e o senador Aécio Neves e, pasmem, toda a vez que ela remete ao passado dele, de pronto, ele a convida a falar do futuro, como se uma coisa fosse dissociada da outra. Não é assim, queira o candidato tucano ou não, que a presidente Dilma observe isso ou não, que nós eleitores observemos isto ou não. Em se tratando de cargos públicos, é a história de cada candidato ou candidata que lhe credencia a assunção do cargo pretendido, porque não se constrói castelo no ar. O candidato ou a candidata deve ter uma história que denote uma reputação ilibada, um bom caráter, um conceito moral que credencie ele ou ela a escolha popular.
A lei chamada de Ficha Limpa constitui exemplo da necessidade que a sociedade tem que seus candidatos a cargos públicos sejam exemplares, que se comportem de modo que a sociedade possa se inspirar na maneira como conduzem as suas vidas.
O candidato tucano fica irritado e se refere a presidente Dilma Rousseff como se ela lhe estivesse desferindo um golpe baixo, toda vez que ela o remete ao passado, que, aliás, ele o detesta. Então, ele, o candidato tucano, a insta a falar do futuro, como se uma coisa fosse independente da outra. Ora se ele fez coisas detestáveis, reprováveis, vergonhosas, vexaminosas, que lhe causa desconforto, que ele se desculpe em público, que ele aproveite o momento para pedir desculpas ao Brasil pelos maus exemplos dados por ele em momentos passados, ou mesmo agora, durante os debates. Pela forma como ele refuta o seu passado, como se fosse um chute baixo, nos leva a crer que ele não é flor que se cheire.
Dilma deve continuar falando e instigando que o Aécio Neves assuma o seu passado de playboy descuidado, indiferente às leis do trânsito ou outras. E deve tratar disso como muito bom humor. Como pode uma pessoa da idade do candidato Aécio Neves achar que os erros cometidos na sua história de vida devem ser preteridos, que o seu passado tenebroso nada tem a ver com este momento, que só pode ser tocado no passado que lhe confere vantagem?
O debate foi péssimo, vazio, de baixa qualidade, repetitivo, se comparado ao da Band, contudo, creio que se os assessores da Dilma conseguirem que ela coloque uma pitada de bom humor nas verdades que ela fala, provavelmente, a colocará em posição mais vantajosa diante do seu adversário, que vem se comportando como um Pinóquio. No momento, Aécio Neves põe em prática a máxima de que uma mentira repetida milhares de vezes transforma-se em verdade. É assim com a inflação, com o plano de governo da Dilma, com a honestidade dos tucanos, as mudanças que ele propõe e com o modo vazio que ele usa para desviar o debate sobre seus erros dizendo ora que se trata de mentira, ora que é baixaria. A presidente Dilma Rousseff não pode  permitir que ele se coloque como aquele que está jogando limpo. Dilma tem que usar os debates para se comunicar mais com o público, dando menor importância ao discurso vazio do seu adversário.

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