sábado, 21 de fevereiro de 2015

José de Ribamar Buna Lima (Zequinha de Serrote)

Nesta quarta-feira de cinzas eu perdi duas figuras próximas, um colega de trabalho morto em Santa Inês, barbaramente, executado pela pistolagem por motivo até agora desconhecido e, ao ver o corpo dele no necrotério telefonei para um amigo me passar o telefone de um primo meu que é criminalista, queria saber os procedimentos legais para dar curso ao funeral do meu colega de trabalho, quando o amigo perguntou-me se eu já sabia que o meu primo havia morrido. Respondi que não.
Conheci Zequinha desde criança, era filho da minha tia Eunice e levava o nome do seu pai, o conhecido Serrote. Quando criança sempre passava alguns dias das minhas férias na casa da minha tia Eunice, como os seus filhos também passavam férias lá em Rosário, na casa da minha mãe, que eles chamavam carinhosamente de tia Palitó. Tempos áureos da minha infância e da pré-adolescência.
Quando completei 15 anos fomos, eu e a minha mãe, morar em São Luís, no bairro do Codozinho. Ali vieram juntar-se conosco a minha irmã Vilma que até então morava com uma madrinha e a minha saudosa irmã Ildecira que morava na casa da minha tia Eunice, a mãe de Zequinha.
A turma do Saco foi, naquele bairro o nosso maior lócus de interlocução foi ali que passamos a conhecer algumas das nossas habilidades. Com Zequinha não foi diferente, ali ele teve a oportunidade de mostrar os seus dons de desenhista, a sua habilidade na elaboração de adereços, na decoração de carros alegóricos e da nossa sede, sempre ajudando o Darlan, o Careca, ou mesmo o nosso também saudoso Babá (Sebastião Rosa).
Sempre estava bem humorado, mesmo quando era alvo de brincadeiras, chacotas, aporrinhações tão constantes em bairros como o Codozinho. Era, para mim, sobretudo, um artista plástico que não desenvolveu academicamente as suas habilidades, pois infelizmente o nosso estado e o nosso país ainda desperdiçam muitos talentos.
Zequinha era do tempo em que fazíamos no Codozinho um carnaval comunitário, com a participação de todos; do tempo que os moradores do Codozinho compunham o que o pai dele, o nosso querido Serrote, denominou de a barreira do som – pessoas da comunidade que não usavam fantasia e acompanhavam o bloco e vinham logo atrás da bateria.
Zequinha, meu querido primo, aqui na terra onde viveste e trocaste saberes conosco a tua imagem viverá eternamente, como um rascunho do teu talento, das tuas habilidades, do teu sorriso, do modo brincalhão e às vezes até escrachado. Que Deus ilumine a tua alma e que lá onde estiveres, ao lado Dele, você possa decorar o ambiente para que ele se torne mais acolhedor ainda.
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